Evolução de produtos e serviços populares gera desafios


O empreendedorismo social vem crescendo no Brasil e em várias partes do mundo, impulsionado por empresários que têm um foco muito claro: resolver questões socioambientais com sua oferta de produtos ou serviços.

Hoje, dois em cada três brasileiros vivem com renda per capita de até R$ 750 por mês, ou R$ 3.000 mensais para uma família de quatro pessoas. São as chamadas classes C, D e E –grupos com necessidades que não estão sendo bem atendidas em saúde, educação, habitação, inclusão financeira e mobilidade.

Os empreendedores sociais buscam entender a realidade desses indivíduos para desenvolver produtos e serviços que melhorem suas vidas.

O ecossistema brasileiro já oferece alguns exemplos que ilustram essa nova forma de olhar o modelo de negócios.

Ao perceber que reformas das casas em comunidades são feitas com desperdício, alto custo e pouca técnica, os responsáveis pelo Programa Vivenda criaram uma solução com suporte de engenheiros e pagamento financiado, que acelerou e deu maior qualidade ao processo.

Já os sócios do Dr. Consulta criaram uma rede de consultórios que oferece consultas e exames médicos com agendamento rápido.

A start-up Konkero desenvolveu um portal que leva dicas para mais de 1,5 milhão de pessoas por mês ao observar que muitos integrantes das classes C, D e E têm dificuldade de compreender alguns serviços financeiros.

Perguntas que podem parecer básicas, do tipo "como preencher corretamente um cheque?", já tiveram mais de 500 mil acessos, o que mostra uma lacuna no sistema financeiro em prover as informações em linguagem adequada a esse público.

Sempre há desafios: o dos empreendedores sociais é o de conhecer o dia a dia das famílias das classes C, D e E. Antes de investir tempo, é preciso ouvir opiniões e críticas dos usuários potenciais. Essa validação é vital para aperfeiçoar o produto que ele chegue ao mercado.

Aqueles que não têm verba para contratar uma pesquisa de mercado podem recorrer a parcerias com ONGs ou buscar pesquisas abertas na internet, por exemplo.

Há entidades que têm desenvolvido um importante trabalho de suporte para que esse ecossistema de negócios de impacto social possa evoluir no Brasil.

Organizações como Artemisia, Ashoka, Aliança Empreendedora, Instituto Quintessa, Ande (Aspen Network) e ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) realizam eventos e apoiam start-ups com aceleração e mentoria.

Também há o apoio de nomes como Endeavor, Sebrae, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Din4mo e Sistema B.

Para quem precisa de capital, há fundos voltados para negócios de impacto social, como Vox Capital, Move Investimento, Astella e IFC.

Mesmo que muitas vezes o empreendedor social vislumbre uma necessidade não atendida, é preciso avaliar quem pagará por esse novo serviço e como tirar do papel a ideia deste negócio.

Vale frisar que essas empresas de impacto social não têm o objetivo de substituir o Estado no fornecimento de serviços à população.

Mas, associadas ao modelo ágil das start-ups, são capazes de detectar necessidades e criar novos modelos de serviço, que podem contribuir para qualificar e complementar as ofertas públicas.

Maurício de Almeida Prado - diretor executivo da Plano CDE, instituto de pesquisa com foco nas classes C, D e E.

Fonte – jornal FSP

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