Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde.
Segundo
Solange, a sustentabilidade do sistema tem pautado a preocupação de todos que
atuam no setor por duas principais razões: a acelerada evolução dos custos da
saúde e a solidariedade intergeracional, quando os mais jovens subsidiam os
mais longevos – isso porque, há 15 anos, para cada beneficiário com 60 anos ou
mais, existiam outros três com idades entre zero e 19 anos; hoje, essa relação
caiu para dois.
De acordo com Solange, o
índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), principal indicador
utilizado pelo mercado de Saúde Suplementar como referência sobre o
comportamento de custos, registrou alta de 19,3% nos 12 meses encerrados em
dezembro de 2015. Já a inflação, medida pelo IPCA, ficou em 10,67% no mesmo
período.
“As razões que produzem
a elevação das despesas com a saúde vão desde o envelhecimento da população,
uma vez que os idosos requerem maiores cuidados, até o avanço tecnológico, que
frequentemente é apontado como sendo de maior impacto”, avalia a presidente da
FenaSaúde. “Em muitos casos, a incorporação de novas tecnologias e
procedimentos ao sistema é feita de forma acrítica e sem avaliação de seu
custo-efetividade. Por isso, temos insistentemente demandado que haja avaliação
sistemática e institucionalizada da tecnologia previamente à sua incorporação”,
complementa a executiva. Solange também defende o desenvolvimento de diretrizes
e protocolos de utilização para que se evite os casos em que não há evidências
que suportem o custo de determinado procedimento.
Ao apresentar os números
do segmento, a presidente da FenaSaúde ressaltou a importância de uma ação
transparente junto ao consumidor: “Essa é uma das missões da Federação.
Precisamos trazer os beneficiários para essa discussão para que ele possa
compreender o uso racional desse serviço, que realiza três milhões de
procedimentos por dia”. Em 2012, por exemplo, para cada 1 mil habitantes foram
realizadas 94 ressonâncias e tomografias computadorizadas. Em 2015, este número
passou para 130 – crescimento de 40%.
Outro ponto que mereceu
destaque durante a explanação da presidente da FenaSaúde foi a redução do
número de beneficiários em 2015 e nos primeiros três meses desse ano: 1,3
milhão de pessoas deixaram de ter planos de saúde. Desses, 887 mil são de
planos coletivos empresariais. “Sem dúvida, essa retração de beneficiários se
deve a queda do emprego formal. Há uma relação direta entre o seguro saúde e o
nível de emprego da população”, destacou a executiva.
Fonte: Notícias, Saúde