A Bolsa é um ótimo lugar para investimentos de longo prazo, como os que um jovem faz para a sua aposentadoria
No fim de 2018, as empresas brasileiras com capital aberto na Bolsa valiam, todas juntas, perto de US$ 1 trilhão (R$ 4 trilhões). Enquanto isso, nosso PIB foi de US$ 1,9 trilhão (R$ 7,7 trilhões). O que isso significa? Significa que o mercado de capitais no Brasil é um tanto pequeno como proporção do PIB, ou seja, relativamente poucas empresas captam recursos para investimentos através da venda de suas ações para sócios por meio da Bolsa de Valores.
Como referência, na mesma época –fim de 2018– todas as empresas do mundo com capital aberto valiam US$ 69 trilhões (R$ 282 trilhões), enquanto o PIB mundial foi de US$ 86 trilhões (R$ 352 trilhões). Dividindo 69 por 86 temos 0,8. No nosso caso, dividindo 1 por 1,9 temos 0,5 –um número bem menor. Pior, há também países em desenvolvimento que estão bem na nossa frente: no Chile, a razão é 0,8; na Índia, 0,7.
Por que a Bolsa é mirrada no Brasil? Um motivo potencial é que ela é muito mal compreendida pelos brasileiros, pois está envolvida em muita propaganda enganosa. A Bolsa é um ótimo lugar para investimentos de longo prazo, como os que um jovem faz para a sua aposentadoria. Só que, infelizmente, as propagandas na internet falam exatamente o contrário.
O que pipocam são cursos sobre como ganhar dinheiro rotineiramente operando na Bolsa ou como escolher aquela ação que dará um retorno gigantesco em um curto espaço de tempo. Tudo isso é balela, mas com certeza dá bastante dinheiro para quem divulga essas ideias e para quem ganha com as pessoas comprando e vendendo ações freneticamente.
Essas propagandas enganosas, além de causarem problemas para os que caem no canto da sereia, são prejudiciais para a nossa economia, provocando efeitos graves de longo prazo. Uma pessoa que caiu nessa vai provavelmente passar o resto da vida correndo da Bolsa, o que é muito ruim para as empresas do país.
O que fazer? Devemos regular essas propagandas? É possível? Grandes e difíceis questões... A equipe do Por Quê? vai ficar repetindo incansavelmente a ideia de que, para não profissionais, a Bolsa é sim ótima, mas apenas para investimentos de longo prazo (como os de mais de 30 anos). A água é mole e a pedra é dura, mas talvez o provérbio esteja correto.
Fonte: coluna Por quê? Jornal FSP