Quer um conselho de moda? Que
tal perguntar a um robô?
A Spring, start-up de compras pelo celular, oferece um software
que responde a mensagens enviadas pelo bate-papo do Facebook. Esse robô ajuda
os usuários a encontrarem roupas adequadas. Para isso, pergunta a faixa de
preço e sugere itens que, na sua avaliação, possam agradar ao cliente. Não era
bem esse estilo? O programa vai sugerir algumas opções diferentes.
A Spring é uma das várias companhias que, com o apoio de grandes
empresas tecnológicas, estão entrando no mercado dos “chatbots” (robôs de
bate-papo). Em sua conferência anual para desenvolvedores, o Facebook divulgou
uma nova forma de escrever códigos que permite a qualquer empresa criar um robô
capaz de interagir com pessoas por intermédio do programa Messenger, noticiou o
“The New York Times”.
A Microsoft também revelou uma ferramenta que permite aos
desenvolvedores criar “bots” para o Windows 10. “Queremos construir uma inteligência
que amplie as capacidades e experiências humanas”, disse executivo-chefe da
Microsoft, Satya Nadella, durante a conferência da empresa para
desenvolvedores, em março.
A consultoria de pesquisas eMarketer estima que, até o final
deste ano, os aplicativos de troca de mensagens alcançarão 1,6 bilhão de
usuários no mundo. Tendo isso em mente, as marcas estão buscando formas de
falar com — e não para— o consumidor. “Somos criaturas comunicativas”, disse
David Marcus, vice-presidente do Facebook para serviços de mensagens. “É assim
que o nosso cérebro funciona. É assim que fomos construídos. Por isso, é
provavelmente a interface mais natural que existe.”
Mas nem todos os usuários se entusiasmam com essa tendência.
“Será que as marcas deveriam mesmo se inserir em uma das atividades mais
pessoais da internet?”, questionou Robert D. Hof, do “Times”. “Quem deseja
propagandas da Pampers atravancando seus bate-papos com amigos?”
A marca de sapatos Clarks criou três personagens virtuais para
promover sua popular bota Desert, permitindo que os usuários interajam com
esses personagens via Whatsapp, recebendo mensagens, vídeos e playlists.
A Focus Features, produtora e distribuidora de cinema ligada ao
conglomerado NBCUniversal, foi além. Para promover o filme “Sobrenatural: A
Origem”, contratou uma start-up de marketing interativo para criar uma versão
“chatbot” do protagonista Quinn Brenner. Os usuários do aplicativo de bate-papo
Kik podiam usá-lo para conversar com o robô-personagem. Em poucos dias, 350 mil
pessoas interagiram, trocando em média 69 mensagens com ele cada uma.
O Kik, que tem mais de 275 milhões de usuários, lançou uma “loja
de robôs” com “bots” de empresas como a rede de vestuário H&M, que se
oferece como “personal stylist”, e a marca de cosméticos Sephora, que dá dicas
sobre maquiagem e cuidados com a pele.
Há quem seja cético sobre a ideia. “Muitos aplicativos já são
funcionais”, disse Robin Chan, da Operator, pequena start-up de comércio
eletrônico, ao “Times”. “Veja o caso do Uber: basta apertar um botão e ele
funciona. Você não precisa de uma conversa exaustiva para cada aplicativo.”
Matt
Wasielewski – jornalista do
New York Times