A desinformação sobrevive pelas fake news
Disseminação
pelas mídias sociais de tratamentos não comprovados contribuíram para a recusa
de medidas de redução de danos na epidemia.
A partir de dezembro de 2019, há quase três anos,
a pandemia da Covid-19 provocou rapidamente
nos meses seguintes 6 milhões de mortos no mundo, com mais de 1 milhão
nos Estados Unidos e 600 mil no Brasil.
Um grupo de especialistas em saúde pública de
universidades americanas estudou os motivos da recusa às medidas preventivas de
parte da população americana que levou ao elevado número de mortes.
Liderados por Andrea Gurmakin Levy, relatam no Jama
Network Open pesquisa com 1.733 adultos sobre a adesão às medidas de controle da
pandemia.
Muitos participantes acreditavam que a Covid-19 não
era real, outros negaram a necessidade de permanecer em quarentena e 55% deles
ocultaram os sintomas no início da pandemia.
Para os autores, a maior descrença na ciência tem sido um fator associado à não
adesão aos comportamentos de saúde, como o uso da máscara facial quando era
indicada e a vacinação.
Também Dhruv Kultar, do Weill Cornel Medical College, de Nova
York, analisa a relação das mídias sociais com a desinformação médica.
Ele afirma que a disseminação pelas mídias sociais, de
tratamentos não comprovados contribuíram, para a recusa de medidas de redução de
danos na epidemia e dos altos índices de hesitação ou recusa em relação às
vacinas.
Entre os fatores que contribuem para a disseminação da
desinformação médica estão o aprofundamento da polarização política,
agravamento da desigualdade econômica, declínio da confiança nas instituições e
fragmentação do ecossistema da mídia.
JÚLIO ABRAMCZYK - médico,
vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação
Científica (CNPq).