os custos incidentes sobre os
investimentos são mais relevantes do que pensamos.
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Muita gente acredita que não paga nada para
investir. Afinal, a expectativa é receber alguma coisa em troca do esforço de
poupar. Pagar alguma despesa por causa dessa aplicação financeira, seja ela
qual for, nem passa pela nossa cabeça.
Pois é, mas infelizmente não é assim que a banda
toca. A caderneta de poupança é a única, solitária e honrosa exceção. Todas as
outras formas de acumulação de capital cobram pelo serviço.
Muitos têm consciência do Imposto de Renda que
pagam, mas prestam pouca ou nenhuma atenção às despesas pagas para as
instituições financeiras nas suas mais diversas formas: taxa de administração,
taxa de performance, taxa de carregamento, tarifas, corretagem, spread, e por
aí vai.
Além do percentual dessa despesa, é preciso
entender a base sobre a qual será calculada. O tamanho da mordida no bolso é
muito diferente dependendo dessa condição. E saiba que você pode negociar esse
custo, já que o mesmo serviço é prestado por várias instituições.
Bendita concorrência!
IMPOSTO DE RENDA
Na maioria das aplicações financeiras o percentual
do imposto incide somente sobre os rendimentos da operação. Uma aplicação de R$
10.000 resgatada por R$ 12.000 pagará IR sobre R$ 2.000. Exceções: se plano de
previdência do tipo PGBL, o IR incide sobre R$ 12.000; se aplicações isentas de
IR, como poupança, LCI e LCA, não há cobrança de Imposto de Renda.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO
Diferentemente do Imposto de Renda, que incide
somente sobre os rendimentos, exceto o caso do PGBL já mencionado, a taxa de
administração incide sobre todo o capital aplicado, acrescido dos rendimentos.
No longo prazo, a mordida no bolso é considerável e não pode ser ignorada. Uma
aplicação em fundo de investimento ou plano de previdência com taxa de 2% ao
ano, por exemplo, terá pago, ao final de dez anos, 20% do capital corrigido
para a instituição financeira pelo serviço prestado.
Exemplo simplificado: um investimento de R$ 10 mil,
com rentabilidade de 8% em um ano, pagará rendimento bruto de R$ 800. O
administrador fica com R$ 216; o leão, com R$ 120 (alíquota de 15%), e o
investidor, com R$ 464.
A taxa de administração é deduzida automaticamente
no cálculo do valor da cota do fundo. Assim, a rentabilidade divulgada já
contempla o pagamento dessa despesa. Como a rentabilidade bruta não é
informada, os olhos do investidor não veem o montante da despesa que está sendo
paga. Daí a percepção de que não existe.
Já o IR, esse sim destacado nos extratos, com a
divulgação dos rendimentos brutos e líquidos, acaba pagando o pato de vilão da história.
E não é bem assim. A alíquota do imposto é maior (15%), mas incide somente
sobre rendimentos. A alíquota da taxa de administração é menor (2%), mas incide
sobre uma base muito maior, o capital investido, acrescido dos rendimentos.
O investidor deve pagar pelo serviço de
administração de seus investimentos. Entretanto, esse custo deve ser compatível
com o retorno que oferece. Já se fala em taxa Selic a 7% ao ano. Não faz
sentido entregar cerca de 30% ou 40% dessa rentabilidade para o prestador de serviço.
TAXA DE CARREGAMENTO
Somente os planos de previdência praticam essa
cobrança. E acabam penalizando as aplicações de menor porte. Quanto menor o
valor investido, maior tende a ser a taxa cobrada. A base de cálculo é o valor
da aplicação, e a cobrança é feita na data da aplicação, antes da conversão em
cotas do fundo.
Exemplificando, um depósito de R$ 1.000 em um plano
que cobra 3% de taxa de carregamento pagará esse "pedágio" de R$ 30
no ato da aplicação. O valor do investimento será de R$ 970. Essa é outra taxa
que a maioria dos participantes de planos de previdência desconhece e deixa de
negociar.
A mensagem final é que os custos incidentes sobre
os investimentos são mais relevantes do que pensamos. Rentabilidade líquida
baixa é uma evidência clara de que os custos estão elevados. Precisamos ficar
atentos, negociar sempre e evitar, quando possível.
Macia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora
do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu
Dinheiro'.
Fonte: coluna jornal FSP