Já
disse que não sou nenhum super-homem, nem sou imune a depressões, ansiedades,
frustrações e aflições que esta longa crise gera em todos nós.
Tem
dias em que é difícil dormir. Em outros, é difícil pular da cama com
entusiasmo. Mas, como digo aos meus sócios e time de colaboradores, numa crise
a gente tem que se motivar em rodízio. Quando um cansa, vem outro apoiar. Numa
crise tão aguda, o longo prazo pode ser o hoje à tarde. Como diz a Bíblia, cada
dia com sua agonia.
Meu
grupo empresarial, como todos os outros, tem focado em cortar todo tipo de
gordura e custo. Isso é default, obrigatório, não se discute. Mas liderar na
crise não é só isso. É mais. É animar a tropa com visão e imaginação. É,
sobretudo, cuidar das pessoas.
E
cuidar das pessoas não só com e-mails e whatsApps. É preciso olho no olho,
pegar nas pessoas, tocar seus corações, ouvir suas angústias, com o time
sentindo que o comandante está perto do chão de fábrica.
Tenho
procurado celebrar com meu pessoal cada pequena vitória diária, porque senão a
gente fica se martirizando nos gols que tomamos nas tristezas e decepções dessa
crise.
É
isso o que estou fazendo. E, como não posso gastar dinheiro, gasto meu tempo e
minha imagina- ção no desafio de motivar minhas pessoas.
Foi
aí que veio essa ideia maluca, infantil, mas encantadora. No plano pessoal,
decidi me motivar com um pequeno truque, planejando na minha cabeça onde eu e
minha família vamos passar o Natal, uma festa de que tanto gosto.
E
foi pensando no Natal que decidi que nesta semana vamos montar aqui no
escritório a nossa árvore de Natal. Eu tenho certeza de que, ao olharem para
ela, as pessoas vão tirar o coração do dia a dia das más notícias, da crise, da
crise, da crise. E vão lembrar que, a despeito da crise, e de ainda ser julho,
agosto, setembro, outubro ou novembro, em dezembro haverá Natal.
É
uma mensagem infantil, de esperança, mas o sofrimento, a depressão e a falta de
imaginação são adultos. A alegria, a fé e a imaginação são crianças. São Papai
Noel e o menino Jesus. Eu quero que o meu time fique com "Jingle
Bells" no coração e que esse "Jingle Bells" solte as crianças
que as pessoas têm dentro delas.
As
crianças não precisam cortar custos pois são felizes com pouco. Elas sabem
fazer de um cabo de vassoura um foguete, de uma toalha velha uma capa de
rainha.
Tenho
certeza de que as pessoas que trabalham aqui no escritório vão estranhar em ver
a árvore de Natal colocada no corredor. Depois, lerão o texto em que as convido
a sonhar com o Natal e, por fim, ficarão com essa esperança tola e infantil no
coração. E aí, quem sabe, um ou outro monte em sua casa sua árvore de Natal,
comente com o amigo, faça um post sobre isso e es- palhe pelo WhatsApp. E aí,
queira Deus ou Papai Noel, esse troço viraliza como o balde de gelo do Mark
Zuckerberg.
Tudo
bem, já estou exagerando, viajando na maionese. Já estou pedindo demais. Mas
tenho certeza de que uma coisa a minha singela árvore de Natal vai conseguir:
enquanto meus colaboradores olharem para ela, eles tirarão por um momento ao
menos os olhos do dia a dia da crise e sonharão com a chegada de Papai Noel e
do Natal.
Portanto,
meu querido adulto, seja criança. Coloque sua árvore de Natal também no seu
escritório, na sua casa ou, pelo menos, na sua cabeça e no seu coração.
Nizan Guanaes – publicitário, dono do grupo
publicitário ABC
Fonte: artigo na FSP