No artigo anterior, comentei algumas sugestões dadas em um
artigo americano (que, de forma geral, se aplicariam à nossa realidade sem
maiores problemas).
Agora gostaria de dar a minha contribuição.
A forma mais comum de classificar as
despesas é entre despesas fixas e variáveis. As despesas fixas são aquelas nas
quais pagamos o mesmo valor, independentemente do consumo. Por exemplo, a
mensalidade escolar – nós pagamos o mesmo valor, não interessa se vamos ou não
à aula. Se faltarmos uma semana, não podemos argumentar com a escola que
queremos pagar menos por não ter frequentado as aulas.
Já as despesas variáveis são aquelas que
estão associadas ao consumo. Consome mais, paga mais; consome menos, paga
menos. Simples assim.
Quando enfrentamos uma crise financeira,
geralmente olhamos primeiro as despesas variáveis. Nossa aversão natural à
perda faz com que seja muito mais confortável diminuir o consumo de algo do que
simplesmente cortar de vez. Preferimos tentar gastar um pouco menos no
supermercado a cortar algum serviço em definitivo, ainda que não seja tão
importante.
Para quem perdeu o emprego, uma forma mais
interessante de classificar as despesas é definindo o que é essencial, o que é
supérfluo e o que é desperdício.
O que é essencial é aquilo que não dá para
mexer de jeito nenhum. Esse tipo de despesa nós sabemos que não dá para cortar,
independentemente do valor. Então, alguma outra despesa precisa ser
sacrificada, para que a essencial possa ser mantida. As despesas supérfluas são
aquelas que, por não serem essenciais, podem ser diminuídas ou mesmo cortadas,
ao menos temporariamente, até a crise passar. Já aquelas despesas que se
enquadram como “desperdício” podem ser cortadas sem dó, pois é dinheiro jogado
fora. Não estamos tendo nenhum benefício com a despesa, então um corte não irá
causar qualquer impacto negativo em nossa qualidade de vida.
O que NÃO cortar
Já falamos das despesas essenciais. Existem
algumas despesas que não são, tecnicamente falando, essenciais, mas, numa
situação de desemprego, passam a ser essenciais, pois podem nos ajudar a
conseguir um novo trabalho mais rapidamente.
Um exemplo básico: internet. Uma pessoa que
procura emprego nos tempos atuais não pode se dar ao luxo de ficar sem ela. O
acesso rápido e permanente à internet permite o contato com pessoas
importantes, a descoberta de vagas e oportunidades e, principalmente, ajuda a
pessoa a se manter “por dentro” daquilo que acontece em sua área profissional.
É preciso, ainda, deixar alguma “folga” no
orçamento para atividades de networking. Sou
partidário da ideia de que networking é algo que se faz ANTES de precisar
dele, e não quando se perde o emprego. Mas muitas pessoas se mantém reativas e
confortáveis enquanto estão empregadas, e só se preocupam com isso quando já
estão “sem chão”. Não é o cenário ideal, mas pessoas desempregadas, que não têm
um networking, precisam correr para criar um, e aquelas
que têm, precisam reativá-lo rapidamente. É mais do que sabido que as melhores
vagas são preenchidas por indicação, então o networking é a ferramenta número um de quem busca
emprego – é preciso investir!
Algumas outras despesas que não devem ser
cortadas: Roupas e apresentação pessoal (para participar de entrevistas),
estudos e atualizações sobre a área profissional e gastos com saúde. É preciso
estar apresentável, saudável e minimamente “por dentro” dos assuntos
profissionais para ter sucesso numa entrevista.
Para quem está desempregado, todas essas
despesas podem ajudar numa entrevista de emprego e devem ser consideradas um
“investimento em empregabilidade”.
André Massaro - escritor, palestrante,
educador financeiro e consultor especializado em finanças, investimentos e
economia; é autor dos livros "MoneyFit", "Por dentro da bolsa de
valores" e "Dinheiro é um santo remédio".
Fonte: www.andremassaro.com.br