É lugar comum afirmar que o
ambiente digital reconfigurou as noções de espaço e de tempo. Conversamos com
pessoas que estão em lugares diferentes, criamos novas redes sociais e nos
relacionamos com pessoas que anteriormente nos pareciam inacessíveis. Isso tem
se tornado tão inerente e intrínseco ao ser humano que habita as metrópoles,
especialmente se falarmos da geração Y e, principalmente, da geração Z, que já
não percebemos mais que o modo pelo qual entendemos o nosso cotidiano e a nossa
vida também sofreu grandes reconfigurações.
Hoje, a vida parece que só é real se for compartilhada com as
nossas redes sociais: a cada instante ela se torna um texto, uma imagem, um
vídeo a ser espalhado para o ambiente online rompendo, muitas vezes, a barreira
entre o público e o privado. Com efeito, Share and Spread (compartilhe e
espalhe) são as palavras de ordem em 2014.
Palavras que exigem instantaneidade porque o momento precisa ser
registrado, o conteúdo compartilhado e espalhado pela rede para que, em poucos
segundos, milhares de pessoas também estejam presentes, vivendo o tal momento,
acessando o conteúdo com quem compartilhou. Afinal, a graça do acontecimento,
da instantaneidade está no fato justamente de poder ser compartilhado. Nesta
relação simbiótica, vemos a popularização de redes sociais e aplicativos que
materializam o Shared e o Spread, como o caso do Facebook, Instagram e
WhatsApp.
Para termos uma ideia, em 2014, o Facebook, só no Brasil,
mensalmente, tem 89 milhões de usuários ativos (ProXXIma, 2014). No Instagram,
diariamente são postadas cerca de 55 bilhões de fotos, acarretando em mais de 1
bilhão de likes por dia (ProXXIma, 2014). O WhatsApp, por sua vez, é utilizado
ativamente por 600 milhões de pessoas (G1, 2014). Tais números demonstram o
potencial da produção e compartilhamento de conteúdo, momentos e informações em
rede, seja através do PC ou dos dispositivos móveis.
Parece que falamos, dividimos e compartilhamos tudo com as
nossas redes, em todo o momento, o que acarreta, muitas vezes, em hoaxes,
boatos e especulações, levando-nos a questionar o que é “verdade”.
Não por acaso, vivemos o ano dos boatos, notícias falsas e
“mortes fakes”. A veracidade dos conteúdos e das informações, compartilhados e
espalhados no ambiente online, nunca foram tão questionadas como atualmente. A
web como fonte de notícias, graças ao share and spread instantaneamente, pregou
peças não só entre os inseridos neste ambiente como também nos grandes veículos
de comunicação. Diante disso, é fundamental questionar, nesta era do
compartilhamento, o que de fato, deverá ser absorvido, aplicado e replicado.
Será que aprenderemos a fazer isso em 2015?
Diego Oliveira – mestre pelo Programa de Pós-graduação em Sistemas e
Computação do Departamento de Informática e Matemática Aplicada da UFRN, é
professor de Informática do IFRN
Fonte: Meio&Mensagem