A variação dos custos médico-hospitalares (VCMH)
foi de 19,4% para o período de 12 meses, encerrado em setembro de 2016. A VCMH
se manteve superior à variação da inflação geral (IPCA) que foi de 8,5% para o
mesmo período. Entre Julho de 2016 a Setembro de 2016, a VCMH/IESS apresentou
uma tendência de crescimento, passando de 19,0% (jul/16) para 19,4 (set/16). A
VCMH de set/16 foi a maior para o mês de setembro desde o início da série
histórica em 2007.
ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA
No
final do 1º semestre de 2016, a agravamento da recessão econômica levou ao
aumento do desemprego com consequente redução da renda da população ocupada
(IBGE, 2017). Essa queda de renda e emprego levou a redução do número de
beneficiários da saúde suplementar, que entre dez/15 e set/16 apresentaram redução
de 2,5%, os planos individuais especificamente tiveram queda de 2,2%. Além
disso, a redução da atividade econômica, com a economia operando com elevando
nível de ociosidade (Bacen, 2016), levou a um processo de desaceleração da
inflação. No entanto, dada as especificidades da variação dos custos
médico-hospitalares esse mesmo comportamento não foi observado.
Apesar de ter havido uma redução da VCMH/IESS de
mai/16 (20,1%) para jun/16 (18,3%), o índice voltou a aumentar continuamente e
em set/16 retornou a um patamar próximo ao de mai/16 (19,4%). Nesse período, a
VCMH/IESS foi impulsionada principalmente pela aceleração no índice dos
procedimentos de Internação e de Terapias. Estudos do IESS mostram que a
Internação é o principal item dos gastos médicos em planos de saúde,
principalmente devidos aos componentes Materiais e Medicamentos.
Com o aumento da variação dos custos
médico-hospitalares dos planos individuais há o aumento da preocupação com a
sustentabilidade desse tipo de plano, principalmente num período de recessão
econômica com redução do emprego e do rendimento da população. Essa última
variável, determinante importante da aquisição de planos individuais e, no 3º
trimestre de 2016 apresentou a 5ª queda consecutiva na comparação em 12 meses
(Figura 2).
VCMH POR GRUPOS DE PROCEDIMENTOS
A
variação de custos médico-hospitalares é composta principalmente por
internações, que possui o maior peso no índice, pois elas compõem 60% dos
custos, como pode ser observado na Figura 3. A VCMH/IESS é composta ainda pelos
seguintes procedimentos: Exames Complementares (14%), Consultas (10%), Terapias
(10%) e Outros Serviços Ambulatoriais (OSA) (5%).
No período analisado neste relatório (jul/16 a
set/16), o item que apresentou maior aumento da VCMH foram as Terapias, cujo
índice passou de 22,6% em jul/16 para 23,6% em set/16 (Figura 4). A VCMH das
Internações, item de maior peso na estimação da VCMH (60%), manteve-se estável
no período em 21,8%. Apesar disso, ela mantém-se como a segunda maior VCMH do
período, atrás de Terapias.
DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA ETÁRIA
A
faixa etária dos beneficiários é também um fator que influencia na variação dos
custos médicos – crianças e idosos utilizam mais serviços de saúde que o
restante da população assim como as mulheres em idade fértil, devido aos
procedimentos obstétricos. A Tabela 1 mostra a distribuição dos beneficiários
entre as dez faixas etárias estabelecidas pela regulamentação.
Observa-se que houve crescimento proporcional dos
idosos (59 anos ou mais) em relação as demais faixas etárias. Na
comparação com set/15, em set/16 o número de idosos apresentou aumento de 2,3
p.p. Na Tabela 1 é possível verificar que houve queda do número de
beneficiários das faixa-etárias mais novas (entre 0 a 33 anos), uma das razões
pode ser devido ao aumento do desemprego no país e a que- da da renda
real da população.
Na amostra de beneficiários utilizada para o
cálculo da VCMH/IESS, 26,3% dos beneficiários têm 59 anos ou mais, sendo essa
proporção bem parecida à relatada pela ANS para o conjunto de beneficiários de
planos individuais: 24,9% (ANS Tabnet). Observando a Tabela 2, nota-se que a
distribuição etária da amostra de beneficiários de planos individuais é próxima
à distribuição etária dos beneficiários de planos de individuais da ANS, sendo
apenas um pouco mais envelhecida.
NOTA METODOLÓGICA
A VCMH/IESS é uma medida da variação do custo
médico-hospitalar de operadoras de planos e seguros de saúde. O cálculo é
feito para um conjunto de planos individuais (antigos e novos) de
operadoras que representam cerca de um quarto do mercado. Essa metodologia
é reconhecida internacionalmente e aplicada na construção de índices
de variação de cus- to em saúde nos Estados Unidos, como o S&P Healthcare
Economic Composite e Milliman Medical Index.
Além disso, o índice VCMH/IESS considera uma
ponderação por padrão de plano (básico, intermediário, superior e executivo), o
que possibilita a mensuração mais exata da variação do custo médico-hospitalar.
Ou seja, se as vendas de um determinado padrão de plano crescer muito
mais do que de outro padrão, isso pode resultar no cálculo agregado
em VCMH maior ou menor do que o real, o que subestimaria ou superestimaria
a VCMH.
O custo médico-hospitalar é resultado de uma
combinação dos fatores frequência e preço dos serviços de saúde. Dessa forma,
se em um determinado período a frequência de utilização e o preço médio
aumentam, o custo apresenta uma variação maior do que a variação isolada de
cada um desses fatores.
A variação do custo médico-hospitalar (VCMH) é
calculada considerando-se o custo médio por beneficiário em um período de
12 meses (média móvel) em relação às despesas médias dos doze meses imediatamente
anteriores. A média móvel expurga efeitos de sazonalidade.
Entretanto, eventos que tenham acontecido em determinado mês acompanham o
indicador durante 24 meses.
Fonte: IESS