O mercado, durante o mês de maio, seguiu dentro das
expectativas. Na renda fixa a taxa de curto prazo (SELIC) ficou em 13,25%. O
IRF-M, que mede a rentabilidade dos títulos públicos com juros pré-fixados,
obteve uma rentabilidade de 1,63%, acumulando um ganho de 4,84% no ano. A
rentabilidade dos títulos públicos indexados a inflação (NTN-B) de curto prazo
(até 5 anos), medidos pelo IMA-B5, tiveram uma rentabilidade de 1,63 no mês e
acumulam uma alta de 6,55% no ano. Já os de longo prazo, medidos pelo IMA-B5+,
tiveram um rendimento de 3,14 no mês, acumulando uma ótima rentabilidade de
9,83% no ano.
É importante notar que, apesar da alta da taxa de juros de curto
prazo, os títulos indexados a inflação e os pré-fixados estão apresentando uma
rentabilidade muito boa. Essa rentabilidade é explicada pela queda de juros no
longo prazo. O mercado espera que o Banco Central do Brasil reduza a taxa de
juros no ano que vem e assim o valor desses títulos sobe.
O IBOVESPA fechou o mês negativo em 6,17%. No ano a alta se
reduziu para 5,51%. O dólar (pelo cambio oficial – PTAX) teve alta no mês de
6,19% acumulando uma valorização de 19,67% no ano.
O quadro político continua preocupante. Chegamos até ver rumores de que Lula
queria substituir Levy por Nelson Barbosa, atual Ministro do Planejamento.
Essas especulações não foram confirmadas e Levy continua no
cargo. O Governo conseguiu aprovar as medidas do ajuste fiscal mas o trabalho
não foi fácil.
A Presidente continua isolada e importantes membros do PT não se
furtam de externar seu descontentamento com a forma que a Presidente está
conduzindo o ajuste.
Em uma tentativa de amenizar a insatisfação da população a Presidente, além de
outros políticos do PT, chegou a afirmar que o país volta a crescer no segundo
semestre. Cauteloso, Levy disse que pode ser que tenhamos que esperar mais
tempo. Sabemos que ele está certo e que o segundo semestre deve ser ruim. O
desemprego deve continuar crescendo.
A inflação caiu, conforme esperado. A principal causa da queda
foi o término das altas nos preços dos “administrados” (energia elétrica, água,
gasolina). Entretanto ela ainda está alta e deve fechar o ano acima de 8%.
No campo internacional o principal destaque foi a China. O
crescimento continua baixo, impactando o preço das commodities. É curioso notar
que, apesar de um crescimento menor do que o previsto a rentabilidade da bolsa
Chinesa é uma das maiores do mundo.
Considerando o preço de fechamento do índice Shanghai Stock
Exchange Composite em 05/06/2015, a rentabilidade acumulada no ano foi de
aproximadamente 50% e nos últimos 12 meses quase 150% (fonte Bloomberg). Alguns
analistas já apontam para uma possível “bolha” naquele mercado. Se essa
impressão se espalhar, sem dúvida todos os mercados emergentes sofrerão muito,
inclusive o nosso.
Dos Estados Unidos ainda temos noticias confusas. O PIB do
primeiro trimestre foi revisto para baixo e o do segundo parece que virá pior
do que o esperado. Entretanto a criação de empregos foi acima do esperado,
indicando uma recuperação após o fim do inverno.
Acompanhar a economia Norte Americana é importante para saber
quando e quanto o BC Americano (FED) aumentará a taxa de juros interna. Uma
taxa de juros mais alta nos EUA atraem investimentos para aquele país, sobrando
menos dinheiro para os outros países, incluindo o Brasil, que pode se ver
obrigado a manter sua taxas de juros alta por mais tempo.
Na Europa o plano de recompra de títulos caminha, mas parece não estar surtindo
o efeito desejado.
O crescimento está baixo na região. A dificuldade da Grécia em
negociar um acordo para refinanciar sua dívida continua esquentando o quadro
político da região.
Continuamos privilegiando os investimentos em renda fixa de
curto prazo, indexados à taxa SELIC. Com a queda da inflação e a taxa de juros
de médio prazo achamos que está na hora de resgatar os investimentos nesses
títulos e direciona-los para os títulos pós-fixados.
O resultado das empresas não está bom e não vemos no curto ou
médio prazos mudanças nesse cenário.
Com o IBOVESPA negociando em torno de 53 mil pontos não
acreditamos que as ações estejam baratas.
O real deve continuar pressionado. Se tivermos que fazer uma
aposta preferimos apostar no dólar, pelo mesmo motivo acima.
Mesmo com a recente alta do dólar nossas exportações não
melhoraram muito, o que pode indicar que ainda há espaço para maiores
desvalorizações cambiais.
Quem vem nos acompanhando desde o inicio do ano sabe que nossa
posição tem sido de cautela com preferência para a renda fixa. A taxa de juros
pós fixada (SELIC) está proporcionando um ótimo retorno o que dificulta assumir
muito risco. Considerando os ganhos acumulados na renda fixa de médio e longo
prazos, a hora é de embolsar os ganhos, alocar mais nos títulos pós–fixados e
aguardar os resultados vindos do mercado Norte Americano e Chinês.
Lauro Araujo – diretor da LAS Consultoria,
administrador de empresas, palestrante nos cursos da SUPORTE.
Fonte: blog Investidor Institucional