Será que o
resultado do lançamento de uma moeda é totalmente aleatório?
Penso que não.
Na verdade,
esse resultado (cara ou coroa) é função de um conjunto de fatores que atuam em
cada um desses eventos, ainda que difíceis de serem percebidos ou calculados.
Contudo, o
fato de essa determinação ser complexa não significa que seja impossível.
Da mesma
forma, pode-se imaginar que se forem repetidas diversas vezes as mesmas exatas
condições de lançamento os resultados obtidos (cara ou coroa) se repetirão com
frequência próxima de 100%, ou seja, todos darão cara ou todos mostrarão a face
da coroa.
Essas
condições de lançamento envolvem, principalmente, a posição inicial da moeda e
do dedo, a força empregada, as condições de temperatura, umidade e pressão,
entre outras.
Em resumo,
dadas exatamente as mesmas condições, não há porque o resultado ser diferente.
Naturalmente,
a lógica apresentada é meramente teórica e conceitual, mas serve para chamar a
atenção sobre questão recorrente vinculada ao mundo corporativo: quanto maior o
número e a qualidade das informações conhecidas a respeito do negócio da
organização, das variáveis que atuam sobre ela e do ambiente onde ela está
inserida, maior será a possibilidade de se prever cenários futuros e, assim,
determinar a melhor estratégia de atuação na busca dos objetivos fixados.
É certo que
esses fatores de influência estão também sujeitos a mudanças motivadas por
outros elementos, o que torna a análise mais complexa. Porém, de forma análoga
ao lançamento das moedas, não é impossível que essas flutuações sejam percebidas.
Mais uma vez, é preciso ressaltar que quanto maior o número de informações
analisadas e a qualidade da análise efetuada, melhores serão as condições de se
estabelecer os cenários futuros com boas perspectivas de sucesso.
O padrão
ideal, novamente sob uma perspectiva meramente conceitual, seria a situação
vivida pelo personagem de ”DE VOLTA PARA O FUTURO”, que depois de visitar o
futuro, traz um caderno com o resultado de todos os jogos de futebol. O
futuro, neste caso, é conhecido com exata precisão.
Nesse mesmo
contexto, penso que cabe examinar também o exemplo das previsões
meteorológicas: as tecnologias atuais permitem a indicação sobre a
temperatura e a quantidade de chuvas futura com bastante precisão, quando esta
previsão abrange os dias mais próximos. Neste caso, os fatores
intervenientes são mais facilmente conhecidos e suas alterações são melhor
estimadas.
Para previsões
mais longas, o índice de sucesso não é tão alto, pois a volatilidade desses
fatores aumenta de forma acentuada, até porque eles próprios se retroalimentam.
Mais uma vez,
no mundo corporativo, a situação é similar. É mais razoável conhecer
fatores de ameaça ou oportunidade de curto ou médio prazo e ter certo domínio
sobre os elementos que possam gerar influências sobre eles nos próximos
tempos. Por outro lado, é bastante incerto fazer análises que envolvam
períodos mais longos, especialmente em momentos de instabilidade política,
econômica e social.
É também
verdade que essa instabilidade é capaz de atuar tanto no prazo como no impacto
das alterações produzidas, ou seja, nestes períodos de forte incerteza, uma
organização pode, em um espaço de tempo muito curto, ver seu resultado se
multiplicar muitas vezes ou testemunhar a ruína de seu negócio de forma
absoluta.
Essas reflexões
apontam para a necessidade de as organizações aperfeiçoarem seus modelos de
acompanhamento dos fatores de influência sobre seus resultados, ampliando o
campo de pesquisa e aprimorando, tanto quanto possível, a qualidade de suas
análises.
Ressalta-se,
portanto, o conceito de que aquilo que chamamos de resultado imponderável
corresponde tão somente à nossa incapacidade de compreender e controlar os
fatores que interferem no evento ou no nosso negócio.
Os árbitros de
futebol decidem qual time será o responsável pelo pontapé inicial na partida
por intermédio de um “cara ou coroa”. Esse lançamento tem uma importância
relativa em temos de impacto e ninguém achará razoável elaborar cálculos
matemáticos sofisticados para prever o resultado. Evidentemente, essa postura
seria completamente diferente se o que estivesse em jogo fosse o futuro da
humanidade.
A observação
importante é que, esses esforços de identificação, observação e controle de
fatores intervenientes, em tempo de forte instabilidade, como os momentos
atuais, deixam de ser um diferencial mercadológico para se tornar uma exigência
para se manter ativo no mercado.
É a
sobrevivência que está em jogo no “cara e coroa”.
Luiz Felix - Sócio-Diretor da Kolme Desenvolvimento Empresarial | www.kolme.com.br