Se for mais rápido, “David pode
ganhar de Golias” e outras lições da pandemia
Um Mundo em ebulição, próximo do
ponto de fervura em matéria de transformações, muitas delas acontecendo ao
mesmo tempo, com um detalhe: os vários desafios são quase sempre enfrentados e
vencidos.
Gustavo Caetano
(Fundador e CEO da Samba Tech) explicou, por
exemplo, que a seu ver diante do desafio da mudança é preciso antes de mais
nada ter humildade, para se aprender com os clientes, enfim, com os outros,
sabendo ouvir a todos.
Caetano deixou claro que a grande novidade é que a
competição agora já não é mais travada entre o maior e o menor, mas sim entre o
mais rápido e o mais lento em perceber as mudanças e diante delas conseguir
atender as demandas que surgiram.
Respostas simples – Inovar, disse Caetano, não é só fazer o
novo de maneira diferente, é também responder aos problemas de forma simples,
encurtar caminhos.
“O iFood não mudou a lógica do delivery, mas deu uma
simplificada”, exemplificou.
E deu outro exemplo: “O Waze não fez uma mudança
tão profunda nos itens considerados ao indicar trajetos, basicamente incluiu a
velocidade do trânsito entre os fatores considerados”. Pode até parecer
pouco, mas com isso desbancou um concorrente que dominava perto de 80% do
mercado de GPS.
E se não somos nem grandes nem
naturalmente ágeis, precisamos encontrar uma maneira de alterar o nosso DNA
para compensar essas desvantagens iniciais, ao mesmo tempo em que se busca
identificar a ineficiência, o ponto fraco do “Golias”, para ao final vencer o
grandalhão ferindo o seu calcanhar de aquiles.
Olho no cliente, portanto,
mas isso já não basta mais.
Para Caetano, o Mundo e os mercados estão
entrando em uma nova fase onde os vínculos emocionais, com a emergência mais
forte dos valores, dos propósitos aos quais as empresas e organizações servem,
vão ganhar cada vez mais peso.
“Daí ser tão
fundamental saber se estamos agradando e ao mesmo tempo melhorando a vida das
pessoas”, observou, lembrando que dias antes havia fechado via uma plataforma
de insurtech um seguro de vida gastando pouco mais de 5 minutos na operações,
sendo que a apólice lhe custou muito menos do que o produto contratado pelas
vias tradicionais.
Deu um conselho às organizações:
gastem ao menos 20% de seu tempo pensando em como melhorar a vida do
cliente e 10% experimentando, inclusive, para ganhar escala.
“É que muitas
empresas acham que é perder tempo aprender com os erros, fazendo de novo”,
salientou, chamando a atenção também para a necessidade de os grupos
multidisciplinares incluírem profissionais das áreas comumente refratárias às
mudanças.
Outra recomendação foi dada aos executivos: “liguem vocês mesmos para
os serviços de atendimento de suas empresas e sintam na pele o que acontece”.
Nesse ponto enfatizou que as
tecnologias apenas estão a serviço das transformações, pois o que realmente
importa são as pessoas de suas equipes, seus propósitos, valores e
competências.
“E melhor será envolvê-las o mais possível, levá-las a
parar de falar demais e começar a fazer para de uma vez por todas passar a
construir o futuro e, claro, tudo isso coloca para fora o chefe centralizador”.
Caetano destacou por fim que as
pessoas precisam aprender a ouvir uma ou duas vezes um não sem desistirem de
sua proposta.
E para realmente imprescindível olhar para fora da caixa, ampliar
e variar o repertório, buscando novas fontes de conhecimento.
Do linear para o exponencial – Arantes chamou inicialmente a atenção para
o fato de que a passagem do linear para o exponencial multiplica quantidades,
derruba valores e transforma tudo à nossa volta, numa velocidade nunca
antes vista.
Falou do Hupp, o hub que junta as
entidades e startups em um ecossistema que vai levar o nosso sistema ainda
muito mais longe, alavancado pela tecnologia.
Explicou que no início eram mais de
duas centenas de startups, um número que depois de vários filtros reduziu-se a
17.
Referiu-se ao caso da Nokia, a
empresa que foi líder do mercado, quase desapareceu e hoje ressurge menor, como
um exemplo de grande corporação que quase sumiu sem que muitos especialistas
tivessem identificado um erro claro nas opções que fez.
A lição a extrair,
segundo ele, é que num mundo onde as organizações podem virar pó sem ter feito
exatamente nada de errado, é preferível ao menos tentar.
Colaboração remota – Prado iniciou salientando que se deve
sempre perguntar ao cliente o que ele deseja, sem nunca supor que sabemos o que
ele de fato quer.
Em seguida, colocou a questão das limitações impostas às
empresas e organizações que imaginam saber muito sobre transformação digital.
Por exemplo, no que diz respeito ao home office: “não basta que as equipes
saibam como trabalhar de forma remota, é necessário que aprendam também a
colaborar e interagir remotamente”.
Humildemente, continuou, os executivos
devem ampliar a sua visão, olhar ao redor e um pouco mais para longe.
“A transformação digital de uma
empresa é uma verdadeira cirurgia com o coração aberto”, assinalou, uma vez que
se trata de fazer mudanças com a organização em movimento no seu dia a dia.
Ao encerrar, recomendou enfaticamente
que as organizações trabalhem com planos de contingência, levando isso muito a
sério, de vez que tal cuidado pode livrá-las em condições bastante
satisfatórias de problemas que poderiam significar um desastre.
Papeladas e carimbos ficaram no passado – No auxílio emergencial, na primeira fase da
pandemia, o Governo conseguiu pagar a 118 milhões de pessoas, um
contingente equivalente a 56% da população e, segundo Canuto, da Dataprev, essa
foi uma entre tantas demonstração de que o Estado brasileiro está de fato
deixando para trás papéis e carimbos e conseguindo se reinventar em termos de
serviços prestados à população.
Canuto deu vários exemplos de quanto
o INSS vai avançando em sua digitalização.
Em um dos programas em execução, o
“INSS-JUD”, o prazo de andamento caiu de 45 para
poucos dias, considerando que agora a decisão do Juiz agora produz
consequências quase imediatas.