Nubank e Anita: o grande erro que eles cometeram


Se está preocupado se a Anitta vai mexer na sua NuConta ou nos seus investimentos, esqueça. Durma em paz.

A cantora e empresária Anitta agora é conselheira administrativa do Nubank.

Mas, o que está por trás disso? 

Como a decisão do banco digital vai impactar na vida de seus clientes que utilizam a NuConta ou investem através do RDB (Recibo de Depósito Bancário) disponibilizado pela plataforma?

A artista mais internacional que o Brasil tem atualmente é a Anitta. Para ela, faz sentido ser sócia de um banco internacional, principalmente por ela ter o branding do Nubank. 

Além disso, toda a publicidade vai ajudar a expor a imagem dela fora do País, ou seja, é uma troca muito boa para ambos os lados.

Contudo, muitos se questionaram se o fato de um banco atrelar a sua imagem a uma cantora não pode pegar mal. 

Com a Anitta, o Nubank ganha uma artista que fala com as massas e é mestre no marketing digital. Além disso, possui um grande networking e ainda tem acesso a diversas marcas, o que pode gerar um cross-selling entre elas.

Se está preocupado se a Anitta vai mexer em algo da sua nuconta ou dos seus investimentos, esqueça. 

Durma em paz. Nas reuniões do conselho, o papel dela estará atrelado em novas estratégias de marketing e os números mostram que ela tem PHD.

Esse modelo de trazer personalidades para dentro de grandes empresas já é muito comum nos EUA. Nós que estamos atrasados.

Qual o erro que o Nubank e a Anitta cometeram?

Confesso que lendo os comentários das diversas notícias anunciando a Anitta como sócia do Nubank, fiquei assustado. Basta olhar o instagram dos diversos veículos de imprensa.

Muitas pessoas dizendo que iriam ou que já cancelaram a Nuconta por causa disso, o que acho totalmente sem nexo.

Sempre que falamos de alguma coisa é necessário ter autoridade. A partir disso, existem duas coisas muito distintas e que o público vê. 

Uma delas é ser garoto propaganda e uma outra é ser dono de algo. Por exemplo, não tem problema um jogador de futebol ser garoto propaganda do Banco do Brasil (BBAS3), mesmo que ele não entenda tanto de investimentos, já que isso chama atenção e ajuda a levar clientes para o Banco do Brasil (BBAS3).

O grande erro que a Anitta e o Nubank cometeram foi a falta da construção de uma história em volta da cantora para ela se tornar uma referência de mercado financeiro e após isso ser incorporada ao banco. 

Ou seja, era necessário falar de educação financeira em suas redes sociais, talvez juntamente com um projeto social sobre o tema e ir fazendo com o que seu público fosse se acostumando com a cantora tratando de assuntos ligados ao mercado financeiro.

Não, ela não precisava virar uma expert no assunto, mas mostrar que entende, que está interessada em evoluir e espalhar a educação financeira pelo Brasil. 

Em 3 meses era possível fazer isso, acredite. Dentro desta estratégia, poderia fazer uma peregrinação pelos canais que falam de investimentos. Aliás, Anitta, as portas do 1Bilhão Educação Financeira estão abertas, viu.

Um outro ponto que Anitta ainda não entendeu é que, instituições financeiras não se posicionam politicamente e por vários motivos.

Primeiro, porque não é bom ter o governo, seja ele qual for, como inimigo de um banco ou uma fintech.

Segundo, porque o País está muito polarizado entre esquerda e direita. 

Quando você ataca um destes lados, a militância se une contra você e o jeito de lhe atingir é boicotando as marcas que lhe trazem dinheiro. Basta ver o que aconteceu com a Gabriela Pugliesi quando fez uma festa durante a pandemia.

Mesmo acreditando que alguns erros foram cometidos, avalio que o Nubank tem muito mais a ganhar do que a perder. Está trazendo uma gênia do marketing digital, que é algo que poucos sabem fazer.

Anitta, entenda. Agora você não é mais “apenas” uma grande artista e uma grande empresária. Você agora é banqueira. Isso tem o bônus, mas tem o ônus. 

O tempo lhe mostrará isso. Espero que seja da melhor forma.

FABRIZIO GUERATTO -  especialista em investimentos, colunista do E-Investidor

Fonte: coluna jornal Estadão

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