Fui demitida depois dos 40. E agora?
Veja ou dar início a um
empreendimento.
Dia desses, enquanto navegava pelos comentários de
uma publicação no LinkedIn, deparei-me com o relato em que uma mulher
mencionava ter ouvido de seu chefe que, se você não construísse uma carreira
até os 30 anos, provavelmente não teria mais chances de desenvolvê-la.
Isso
ficou martelando na minha cabeça por dias.
Neste ano completo 58 anos, comecei
a empreender aos 42. Acompanho cada vez mais de perto e com frequência o etarismo se manifestando cada vez mais
cedo.
Em que momento mulheres com seus 30 anos já estão sendo consideradas
‘’velhas’’?
Para quem não está familiarizado, o etarismo é o
preconceito ou discriminação baseada na idade, em que são atribuídos
estereótipos negativos a determinadas faixas etárias.
No entanto, esses
comentários também podem ser sutis e passarem despercebidos, como aqueles que
todas estamos cansadas de ouvir:
"Você ainda não casou?", "Não
parece ter a idade que tem", "Você ainda usa esse tipo de
roupa?", "Pessoas mais velhas ficam melhor com esse tipo de
cabelo", "Você não vai ter filhos?" e na vida profissional não seria
diferente.
Quantas
amigas e conhecidas não passaram por desligamentos misteriosos conforme a idade
avança, e quantas delas encontraram dificuldades para retornar ao mercado de
trabalho? Muitas nem conseguiram.
A verdade é que uma demissão sempre nos deixa
sem rumo, e quando isso acontece por questões de idade, o impacto é ainda
maior.
Converso
com muitas mulheres que acabam vagando sem muita perspectiva e sem direção
sobre ‘’o que fazer agora" e, cá entre nós, ninguém está muito preocupado
em incluir pessoas 50+ nos espaços de trabalho.
Apesar de ter saído do mundo
corporativo para empreender por vontade própria, aos 42 anos, nada é tão
simples assim.
AQUI VÃO ALGUMAS DICAS QUE PODEM
AJUDAR A TRANSFORMAR ESSA JORNADA:
- Ative contatos: entre em contato novamente com aquelas pessoas que
você trabalhou ou impactou positivamente enquanto colega, chefe,
fornecedor ou parceiro;
- Atualize as redes sociais (especialmente o LinkedIn): publique suas
conquistas, relembre momentos importantes em sua carreira e compartilhe o
que está fazendo, incluindo aspectos da sua vida pessoal. Quem somos fora
do horário comercial também reflete quem somos;
- Participe de eventos:
procure eventos relacionados ao tema. Além de obter dicas importantes e
ampliar sua rede de contatos, é fundamental reconhecer-se e conectar-se
com outras pessoas que estão passando pelo mesmo momento. Isso nos
fortalece;
- Cursos para
desenvolvimento: estude aquilo que você deixou de lado porque, na época,
não parecia muito importante. Alerta clichê, conhecimento nunca é demais;
- Saúde Mental: invista em
terapia hoje, amanhã e sempre. Cuide da sua saúde mental e fortaleça-a
sempre que possível;
Essas
são estratégias para montar um plano de ação para alcançar outros objetivos
neste momento, seja sua recolocação, o início de um empreendimento, a
continuação dos estudos ou até mesmo viajar pelo mundo.
Embora essas dicas por
si só não mudam o mundo, ainda é necessário implementar políticas de incentivo
para grupos mais vulneráveis.
Costumo dizer que pessoas com mais de 50 anos
conseguem encontrar soluções e superar problemas com facilidade, graças à sua
experiência acumulada.
ANA FONTES - empreendedora
social e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora). Vice-presidente do
Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e membro do Conselho de Desenvolvimento
Econômico Social Sustentável da Presidência da República.