De janelas de vulnerabilidade para janelas de oportunidade!

“O que faz andar a estrada? É o sonho.
Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.
É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
Mia Couto

Comunicação e Educação Financeira e Previdenciária são prioritariamente associadas a dois segmentos do público de interesse das gestoras: o participante e o assistido. Existem casos em que as ações se estendem aos profissionais do Sistema, afinal deles dependem as adaptações e inovações em processos, para aumentar principalmente a eficiência financeira da gestão. E tudo isso é muito correto!

As pesquisas periódicas realizadas pelas gestoras também costumam manter o foco nesses mesmos públicos. Quando incluem os profissionais e técnicos, em geral, têm como meta a avaliação do clima organizacional. Os artigos publicados nos veículos especializados apresentam demandas idênticas, inclusive no âmbito da política pública.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, há muito tempo defende a ideia de que países com mais poupança interna e saúde financeira da população são economicamente mais competitivos e atraentes aos investimentos financeiros. Mais recentemente, no relatório Pensions at a Glance[1] a OCDE faz uma análise específica sobre os impactos do aumento da expectativa de vida global e prevê a necessidade de uma ampla reeducação multinível da sociedade.

Além do planejamento de vida de longo prazo, que envolve diretamente a Educação Financeira e Previdenciária, a reeducação do mercado de trabalho, revisão dos serviços públicos, para atendimento dos idosos, entre outras necessidade. Sim! O foco maior está sobre a mudança de comportamento e atitude de usuários dos Sistemas de Previdência Oficial e Complementar.

Patrocinadores: quem encara?

Pouco se diz da Comunicação e da Educação Previdenciária dos Patrocinadores dos planos de Previdência Complementar. Tudo bem! Eles oferecem o benefício como parte das Políticas Institucionais de Recursos Humanos. E existe uma lenda no Sistema Fechado de Previdência Complementar de que todo mundo sabe que as vantagens de um fundo de pensão são incomparavelmente superiores às oferecidas pela Previdência Complementar Aberta.

Em períodos de bons resultados dos investimentos, não há dúvida que a lenda se sustenta, baseada na remuneração inequívoca do patrimônio previdenciário. Quem garante que por meio do Relatório Anual de Informações (RAI), o Patrocinador vai entender os resultados de gestão? Quem garante que o Patrocinador vai fazer as interpretações necessárias para analisar, por exemplo, a relação entre taxa de administração e serviços recebidos?

Além disso, é importante considerar os dados setoriais. A segunda edição da Pesquisa Raio X da Previdência Complementar mostra que, em 2013, 37% dos fundos de pensão estavam operando mudanças estruturais como retirada de patrocínio, migração entre planos e incorporação de planos[2] Ora, ainda que 37% dos respondentes à pesquisa não representem o mesmo percentual de todo o segmento de Previdência Complementar Fechada, é um número significativo o bastante para indicar uma inquietação - especialmente dos Patrocinadores - sobre as atuais soluções, formatos de planos e práticas de gestão.

É por isso que, especialmente em períodos de crise, um reforço nas ações de Comunicação e Educação Financeira e Previdenciária direcionada para esclarecimento de dúvidas de dirigentes e gestores de Comunicação e Recursos Humanos das Patrocinadoras pode ser estratégico para revitalizar os vínculos institucionais e ainda criar novas janelas de oportunidades para o relacionamento institucional. Entidade Fechada de Previdência Complementar faz Comunicação e Educação Previdenciária com o Patrocinador com meta: aumentar o market share, o pocket share, o mind share e o heart share, que significa a confiança e a reciprocidade também nos momentos críticos. É retenção e fidelização do cliente!

Outra lenda da Previdência Complementar Fechada: o executivo da Patrocinadora não tem tempo ou disposição para acompanhar análises complexas sobre o desempenho do plano previdenciário. Isso é fato? Quais instrumentos comprovam? Uma abordagem menos teórica - com aquela clássica exposição prolixa sobre a tábua de valores institucionais e atributos principalmente intangíveis do plano de benefícios – poderia dar lugar a análises contábeis que expressassem quantitativamente o plano previdenciário como bem? Essas análises teriam mais apelo e dariam mais visibilidade à proteção da comunidade que a Patrocinadora representa?
Certo! Apesar de praticamente extinta, a maioria os Planos de Benefício Definido talvez não caiba nesta proposta, em razão da complexidade da gestão de passivos, isto é, os compromissos futuros, somados a prováveis contenciosos jurídicos. Mas os Planos de Contribuição Variável ou Contribuição Definida admitem essa abordagem contábil, ainda mais quando os cenários são favoráveis e os resultados positivos. As compensações e alternâncias de resultados ficariam evidentemente mais explícitas no longo prazo. E a cultura previdenciária dos Patrocinadores pode ser mais engajada, desde que eles entendam como o plano previdenciário pode somar para tornar o balanço contábil institucional mais atraente a, por exemplo, novos investidores.

Plano previdenciário envolve toda a comunidade institucional. Por isso, é sempre bom lembrar que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde financeira do trabalhador é considerada indicador global de produtividade. Trabalhador com conta no azul, no presente, dedica integralmente às suas atividades. Rende mais. Trabalhador com o planejamento de vida de longo prazo garantido pode ter mais motivação para construir carreira, construir riqueza. Rende mais ainda. Resumo da ópera: Plano de Previdência Complementar é diferencial competitivo!

Ciclos virtuosos de valor
O escritor, consultor, educador financeiro Gustavo Cerbasi[3] defende a relação profunda entre Educação, Planejamento Financeiro, Riqueza e Felicidade. Porque informação qualificada amplia as escolhas relevantes. Escolhas de consumo podem sem mais inteligentes. Escolhas de carreira podem ser mais inteligentes. Escolhas de gestão podem sem mais inteligentes. Preço é diferente de cadeia de valor que se observa tanto em escala individual quanto institucional. “O investidor que se educa para investir melhor e vai atrás de produtos eficientes, colhe bons resultados agora e não deixa de colher nos períodos de ganhos magros, pois adquire o hábito do bom investimento”[4]

Mas é necessário reconhecer que a cultura financeira e previdenciária no Brasil é um desafio ainda maior do que nos demais países, que compartilham desse mesmo desafio. O consultor Sérgio Volk[5] da Magno, explica que – para ganhar dinheiro - o cidadão brasileiro precisa aprender a reconhecer oportunidades mais vantajosas. Essas oportunidades são diferentes da Caderneta de Poupança e do CDB. A dificuldade é que nem mesmo os gerentes da rede bancária têm treinamento suficiente para oferecer uma consultoria que realmente apresente outras opções vantajosas para o cliente. Então, se o próprio gerente de banco não tem preparo, como exigir essa cultura de Participantes, Assistidos e Patrocinadores?

Pela perspectiva da Comunicação e da Educação Previdenciária o risco de omissão junto a qualquer segmento do público de interesse de uma gestora de planos de benefícios é uma vulnerabilidade que pode e deve ser convertida em oportunidade a favor da continuidade do negócio por meio de ações que compartilhem mais do que informações qualificadas e uma boa dose de relacionamento.

O ideal é que a estratégia de Comunicação e Educação Previdenciária crie formadores espontâneos de opinião qualificada. Se forem os próprios Patrocinadores, melhor. Afinal, todo mundo sabe, no Brasil ainda existe muita empresa que pode incluir Previdência Complementar em suas Políticas de Recursos Humanos. Em última análise, a expansão da Previdência Complementar pode significar mais proteção para um trabalhador mais produtivo e um país com uma economia mais atraente para investimentos em desenvolvimento econômico e social.

Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP), desde 1991 atua no segmento de 
Previdência Complementar, consultora da Suporte, é autora do blogue Conversação
(http://elianemiraglia.blogspot.com.br)
Fonte: newsletter da GAMA Consultores Associados
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[1] Veja artigo OCDE: reformas recentes não são suficientes para garantir um padrão de vida adequado na aposentadoria, publicado na edição 390 da Revista Fundos de Pensão.
[2] Veja artigo Análise da Pesquisa Raio-X 2º edição (parte 2): foco nas estratégias de captação de patrocinadores, de Guilheme Brum Gazzoni, publicado em http://www.gama-ca.com.br/artigos.asp?versao=&codigo=126
[3] http://indicadoresdesucesso.com/2014/03/24/ids-16-sucesso-profissional/
[4] Gustavo Cerbasi, em http://www.maisdinheiro.com.br/artigos/1/107/e-hora-de-construir-riqueza
[5] http://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/3254364/quem-montar-uma-carteira-acoes-agora-vai-morrer-rir-anos
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