Com
a Selic tão baixa, é impossível negligenciar a gestão do custo dos
investimentos.
Como a rentabilidade pode ser negativa, mesmo em um
investimento sem risco de mercado?
Quando o custo para investir for maior do que os
rendimentos proporcionados pela aplicação.
Com a Selic de 2,25% ao ano e, a reboque, a
taxa do CDI acompanhando o ritmo, as aplicações financeiras que cobram taxa de
administração, como fundos de investimentos e planos de previdência, podem
proporcionar retorno negativo para investidores pouco atentos, que aceitam
pagar mais do que ganham.
Troquei mensagens com leitores para esclarecer erro de
entendimento a respeito do custo de investir. Muitos não dão muita importância
ao custo porque acreditam que a base sobre a qual incide a taxa de
administração é a rentabilidade do fundo.
Não, caro leitor, a taxa incide sobre todo o capital
investido. Ao pagar taxa de administração de 2% ao ano, por exemplo, 20% do seu
capital (e não do seu rendimento) será entregue ao administrador em dez anos.
Um fundo que oferece rentabilidade de 2% ao ano e cobra
taxa de administração de 2% anuais resultará em retorno zero para o cotista. Se
a taxa de administração for maior, o retorno do fundo será negativo. E esse dinheiro
não volta, não depende de recuperação do mercado.
“Ah, mas, se não houver rentabilidade, a taxa não será
cobrada”, pondera um leitor. Outro erro de entendimento, derivado do primeiro.
A taxa se refere à prestação de serviço da administração e gestão do fundo e
será cobrada independentemente do desempenho.
Nessa hipótese, de rentabilidade negativa, não haverá
Imposto de Renda, porque não houve renda. Mas a taxa de administração já foi
paga. Aliás, foi ela que gerou a rentabilidade negativa no exemplo que supõe
ausência de risco de mercado, como um fundo DI.
Acha que o alerta é destinado a pouca gente?
Infelizmente, não, existem muitos fundos de investimento e planos de previdência que cobram taxas
muito elevadas, principalmente de investidores com baixo poder de barganha, sem
milhares de reais para investir.
Muita atenção também ao investir em fundos que cobram
taxa de performance, esta, sim, calculada sobre a rentabilidade excedente ao
parâmetro definido.
A famosa dobradinha 2 com 20 —2% de taxa de
administração mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o CDI—,
principal benchmark adotado pelo mercado, precisa ser revista.
Convenhamos que bater o CDI, em patamar tão baixo, nem
chega a ser um desafio. Hora de redefinir a meta a ser batida, adotando um novo
benchmark, ou aumentando o tamanho da meta para 120% do CDI, por exemplo.
Qual
é a saída para pequenos investidores? Uma alternativa é investir em produtos
que não cobram taxa de administração, como CDB, LCI e LCA, além da poupança.
Aliás,
como o CDI caiu bastante, aumentou o percentual dessa taxa oferecida aos
investidores. Os CDBs têm sido oferecidos a 100%, e a LCI ou a LCA, isentas de
IR, pagam por volta de 94%.
Se
a opção for a de manter a aplicação em fundos, não espere que a instituição
financeira ofereça um mais barato.
Faça
a sua pesquisa, verifique o valor mínimo de aplicação exigido em produtos com
taxa de administração mais baixa e solicite portabilidade, se previdência, ou resgate e mude de fundo. Sua
rentabilidade aumentará em razão da redução do custo de investir.
Cuide
do seu dinheiro, ninguém fará isso melhor do que você mesmo.
Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP