Uma reflexão sobre os nossos jovens criativos.
Raimundos,
Hugos e tantos outros estão por todo o Brasil, inovando e impactando.
Quando você pensa em uma pessoa criativa, em quem
você pensa? Steve Jobs? Walt Disney?
Não sei em quem você pensou, mas eu, 14 anos atrás,
com certeza imaginaria uma pessoa totalmente diferente das que imagino hoje.
A primeira pessoa que me vem à cabeça é Raimundo
Silva.
O Raimundo é um jovem que mora em um quilombo no interior do Maranhão, e
eu o conheci através do Programa de Desenvolvimento de Líderes de Impacto, que
realizamos no Instituto
Ekloos.
Raimundo faz faculdade de geografia, mas queria ser
jornalista.
Começou a ver as tradições quilombolas se perderem e criou a TV
Quilombo, que através das redes sociais compartilha conteúdos para
manter vivo os costumes do seu território.
Mas como gravar e entrevistar sem
recursos financeiros?
Raimundo não tem uma super filmadora, mas ele tem a
criatividade.
Acoplou o celular a um bambu bem grande e assim construiu o seu
"drone". Com esse drone, ele consegue filmar de cima a realidade da
sua comunidade.
As entrevistas não são feitas apenas com um celular, porque
esse celular também foi acoplado a uma câmera de papelão, que impõe ao
entrevistado a sensação de estar diante de uma grande emissora de TV.
A luz branca só favorece os brancos, então o nosso Professor
Pardal, como gosto de chamá-lo, criou um "ring light" com uma luz
temperada para a pele negra.
Além disso, cria diversos outros produtos que são
comercializados pelo seu negócio de impacto, a Wotec.
Poderia contar muitas outras histórias nesta coluna, mas o que
quero aqui é trazer uma reflexão sobre quem são os criativos.
Para mim, os criativos surgem da inquietude de uma juventude
espalhada pelo Brasil, extremamente engajada na mudança social.
Não conformada!
Jovens que querem criar condições para que as pessoas vivam, não que apenas
sobrevivam. Esses são os criativos que precisam estar na nossa mente! E são os
criativos potentes.
Que precisam ser estimulados, que precisam alcançar
investimentos para que as suas iniciativas sociais obtenham escala e possam
impactar ainda mais pessoas.
Por isso trago esta reflexão: por que você não imaginou
Raimundos, Hugos e tantos outros criativos que estão em muitos lugares do
Brasil, criando, inovando e impactando?
É uma resposta que nós, como sociedade, devemos sempre buscar.
Andréa Gomides - Fundadora do Instituto Ekloos, é pós-graduada em
gestão estratégica de negócios pela Fundação Getulio Vargas com PMD pelo IESE
Business School de Barcelona