Criança
precisa de abordagem integrada por diferentes políticas públicas para se
desenvolver
Na semana passada, cinco secretários municipais de
educação e dois de saúde, com membros de suas equipes, foram participar
de um curso na conceituada Teachers College da Universidade de Columbia. Na
pauta, projetos de melhoria do cenário da primeira infância no país.
Os critérios para participação do curso foram rigorosos:
envolviam um projeto consistente para assegurar o pleno desenvolvimento de
bebês e crianças pequenas em cada cidade, que deveria contar com um claro apoio
do prefeito.
Os projetos foram detalhados a partir de uma oficina,
realizada no Rio de Janeiro, junto com uma mentora para cada time municipal e
uma professora do Teachers College, que estruturou a metodologia para
elaboração das propostas.
Os municípios selecionados refletem a diversidade das
condições de vida da infância no país, incluindo Boa Vista, Belo Horizonte,
Fortaleza, Manaus, Ponta Grossa, Recife e Taubaté.
Os projetos elaborados iam da tradução da Base em currículos municipais e a definição de
estratégias de transição da pré-escola para o ensino fundamental à formação de
agentes comunitários de saúde para uma visitação domiciliar com uma abordagem
intersetorial.
O
mais interessante foi, já em Nova York, a integração das equipes de saúde e
educação.
O
fato de que eram de cidades diferentes ajudou a quebrar os muros que separam as
burocracias e, num curso estruturado para as necessidades de cada projeto
—envolvendo não só aulas expositivas, mas relatos dos projetos e aconselhamento
de professores especializados em cada tema—, possibilitou a incorporação da
perspectiva das duas áreas nas propostas.
Afinal,
não existe uma infância da saúde e outra da educação. Trata-se da mesma
criança e ela precisa de uma abordagem integrada por diferentes políticas
públicas para se desenvolver.
Necessita
também de um olhar que não exclua seus pais da equação. Ajudá-los a construir
vínculos afetivos com seus filhos e apoiá-los na tarefa de educar e cuidar de
sua saúde é também papel de programas sociais que são especialmente necessários
quando se lida com vulnerabilidade.
Para
isso, não basta desenhar bons projetos. Há toda uma ciência da implementação,
conforme lições recebidas no Teachers College, e ela envolve capacitar os
agentes públicos envolvidos, prever mecanismos transparentes de monitoramento e
avaliação e uma estratégia sólida de comunicação com todos os atores.
O trabalho prossegue no Brasil nos
próximos meses e certamente resultará em iniciativas inovadoras que tornarão o Marco Legal daPrimeira Infância uma realidade tangível nessas cidades escalável
para o resto do país.
Claudia Costin - diretora do Centro de Excelência e Inovação em
Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.
Fonte: coluna jornal FSP