A estratégia do aprendizado é deixar de ser preguiçoso


A toda hora. A qualquer momento. Com qualquer coisa ou pessoa.

Não sei a ideia que você tem sobre o aprendizado, mas o que eu tenho observado é que muitas pessoas estão restringindo a sua possibilidade apenas em ambientes formais ou programados, como aulas ou treinamentos. Sem dúvida isto é verdade, mas não toda a verdade.

As experiências corriqueiras do dia a dia, a repetitiva rotina, ou até algo fora do comum pode produzir os “insights” – momentos de iluminação que nos acomete quando menos esperamos (a palavra insight é considerada sinônimo de intuição. Intuição também tem, na sua raiz, a presença do sentido da vista, pois vem do latim intuitio, que significa olhar). Esses momentos são fundamentais para a reorganização de nossos pensamentos, e até de nossos paradigmas – uma vez que só vamos para frente quando entramos na “zona de coragem” a partir do enfrentamento dos pensamentos equivocados e/ou de paradigmas limitantes. Eu não percebia a importância destes momentos e dificilmente via razão para explorá-los em meu trabalho como professor.

No entanto, pouco a pouco fui notando a riqueza que cada situação vivenciada por mim trazia, possibilitando construir uma conexão com a teoria explicada se eu analisasse junto com os alunos – algo necessário para o surgimento de questionamentos e do espírito crítico. Hoje tenho como princípio básico que preciso viver e enfrentar meus medos, não me deixar levar pelo lógico do senso comum e essencialmente OBSERVAR o mundo com um pouco mais de atenção.As histórias que nós temos podem ser marcos de decepção ou de superação, de paralisia ou de movimento – e hoje eu me permito enxergar essa perspectiva com mais clareza.

O percurso do metrô cheio de indivíduos vendendo todo tipo de coisa. O atendimento negligente de uma rede de fast food. Crianças brincando com naturalidade no parque. Um passeio de bicicleta no final da noite. Uma aventura de rapel.

A última, em especial, vem me ensinando bastante e conto assim:

O rapel é uma atividade de desafio ao medo, especialmente aquele relacionado com a altura, e também é uma forma para viver a liberdade. Eu tinha para mim que a segurança para descer estava na corda e nas dicas do instrutor – uma meia verdade. Essa descida foi diferente de uma outra que tinha feito, e agora eu teria que descer livre, ou seja, sem apoio. Por breves instantes eu parei, para sentir mais aquele momento, até que o instrutor me mandou tirar o pé do apoio para que pudéssemos descer só com a corda.

Vacilei por um instante…

Mas entendi que a segurança daquela descida, e consequentemente a capacidade para aproveitar a situação, não era mais a corda, e sim aquilo que eu pensava ou não pensava que podia fazer.

Tirei meu pé do apoio…

Fique preso pela corda…

Minha segurança agora passou a ser minha mente. Isso só foi possível porque eu observei, porque eu contemplei, porque eu defini a situação como um momento de aprendizado e de remodelagem, de revisão de cicatrizes, e mudei o foco daquilo que era entendido como certo. Não se trata de deixa de ser você, mas reinventar a sua própria essência.

Quer entender que o ano só começa apenas depois do carnaval? Então não reclame de seus resultados. Assim como o carnaval é motivo para não começar a ser produtivo e a ter experiências agora, qualquer outro motivo também vai aparecer para você se mostrar incapaz na conquista dos objetivos.

A vida não é generosa com os preguiçosos.

Liberte-se da lógica que o aprendizado está apenas em aulas ou treinamentos.

Aprende-se na naturalidade que é acordar, deslocar-se para o trabalho ou curso, ir na praia, ou tomar cerveja gelada. E tudo isso converge nas suas práticas de trabalho.

Viva a rotina… mas também saia da rotina.

Autor: Ricardo Verçozaprofessor, administrador, pós-graduando em Docência no Ensino Superior Senac; estudioso de empreendedorismo, responsabilidade social e da Geração Y.

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