O que vale a pena proteger com seguro?
Proteja o que
importa: descubra os seguros essenciais para sua segurança financeira
Exceto pelos seguros de carro e saúde, na maioria das vezes,
os seguros são vistos como uma despesa desnecessária, com sua importância
frequentemente desprezada.
Por desconhecermos sua relevância, acabamos
contratando seguros para situações em que o medo da perda parece mais palpável,
como o seguro de automóvel.
Essa percepção reflete uma falha comum entre os brasileiros.
Antes de entender quais seguros são necessários,
vamos compreender para que servem. Um seguro nada mais é do que o ato de
transferir a terceiros um determinado risco.
O valor protegido ou o valor do
risco transferido é conhecido como capital, e o montante pago por essa
proteção, ou o que se paga para que o terceiro assuma o risco, é chamado de
prêmio.
Para entender o que devemos proteger, imagine um
gráfico dividido em quatro quadrantes. No eixo horizontal, medimos a
probabilidade, e no eixo vertical, o impacto do risco.
Cada risco deve ser
classificado nesses quadrantes de acordo com o impacto no seu patrimônio e a
probabilidade de ocorrência.
Na figura, quanto maior o número de "+",
mais o indivíduo deve avaliar a realização de um seguro.
Cada indivíduo pode apresentar resultados
diferentes.
Por exemplo, considere uma pessoa com um elevado patrimônio de R$
10 milhões, que ganha um salário de R$ 30 mil e cuja família tem um custo
mensal de apenas R$ 20 mil.
Sua morte, mesmo que tenha alta probabilidade, terá
baixo impacto na renda da família. Embora a renda de R$ 30 mil não esteja mais
disponível, os rendimentos do patrimônio são suficientes para cobrir as
despesas mensais.
Para essa pessoa, o risco de deixar sua família
desamparada não é relevante devido ao seu patrimônio.
No entanto, se sua morte
for iminente e esse patrimônio estiver "enrolado", ter um seguro para
sucessão pode ser importante, pois o impacto na família pode ser pior que a
perda da renda do salário.
Vamos considerar outro exemplo.
Suponha o mesmo
indivíduo com elevado patrimônio, que dirige com muito cuidado, só estaciona em
locais fechados e protegidos, e cujo automóvel custa menos de R$ 100 mil.
A
probabilidade de ocorrer um sinistro não é elevada, ou pelo menos é menor que a
média que precifica o seguro, e o impacto no seu portfólio pela perda do carro
seria menor que o rendimento de um mês de sua carteira. Portanto, a perda do
carro tem um baixo impacto.
Para todos os riscos que possuem baixa
probabilidade e baixo impacto, é necessário avaliar seriamente a necessidade de
contratar qualquer seguro.
Mesmo que a probabilidade seja elevada, se o impacto
é baixo, fazer o seguro deve ser questionado e realizado apenas se o preço de
transferir o risco for muito vantajoso.
Por outro lado, se o impacto é elevado, é
importante estudar com cuidado a contratação do seguro.
Exemplos de riscos cujo
impacto costuma ser relevante incluem: garantir a educação dos filhos, saúde,
tranquilidade da família por um período após a morte, doenças graves, sucessão,
invalidez e acidentes pessoais.
Perceba que os seguros mais importantes e de maior
impacto na sua vida e na de seus beneficiários não são aqueles que envolvem
bens materiais.
Em geral, pela ausência de um bom planejamento
financeiro, tendemos a não entender a relevância e o impacto dos riscos acima.
Assim, temos mais receio de perder bens materiais que são mais fáceis de se
entender o impacto.
Portanto, da próxima vez que pensar em contratar um
seguro de um bem material, avalie antes se não está desprezando um seguro mais
relevante, que poderia ter consequências mais graves no seu patrimônio.
MICHAEL VIRIATO - assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do
Investidor.