Não vá com muita sede ao pote da tecnologia


Não vá com muita sede ao pote da tecnologia

Desejo de se atualizar tecnologicamente é compreensível, mas é uma corrida que não podemos vencer.

Prezados (a) early-adopters (pessoas que topam pagar mais por uma novidade tecnológica), o momento não é de gastar, é de economizar. 

Mesmo quem ainda tem emprego, renda razoável e, por milagre, registro em carteira, não sabe como será o dia de amanhã. 

Quando os efeitos da PEC dos Auxílios e da redução do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, serviços de telecomunicações e transporte público cessarem —pouco depois da eleição presidencial–, o cenário econômico vai ficar ainda mais desafiador.

Matéria desta Folha mostra que os smartphones com acesso à tecnologia 5G ainda estão muito caros

Adquirir este aparelho, portanto, só valeria a pena para quem efetivamente desfrutasse das vantagens tecnológicas do 5G –exponencial aumento da velocidade de tráfego de dados, mais conexões, redução do consumo de bateria, redução da latência (delay na voz e imagem)– para trabalhar.

Essa ânsia por se atualizar tecnologicamente é perfeitamente compreensível. 

Mas é uma corrida que não podemos vencer. 

O desenvolvimento de novas funcionalidades e equipamentos é constante, e isso custa caro, ao menos no momento em que as novidades são lançadas. 

Quando o preço cai mais, as empresas já estão apresentando novos avanços.

Isso vale para smartphones, games, notebooks, televisores e eletrodomésticos. Essas transformações são inteligentes formas de nos fazer ir às compras, embora ainda tenhamos bons produtos em uso. 

A impressora, por exemplo, antes era um equipamento relativamente barato, com cartuchos caros, que tinham de ser frequentemente trocados.

Hoje, há vários modelos muito mais caros, que permitem o reabastecimento dos tanques de tinta. 

É um conceito ecológico e econômico, porque as tintas duram muito mais. Mas, no ato da compra, você paga bem mais do que antes.

O avô de um amigo meu, na primeira metade do século XX, juntava seus suados ganhos como barbeiro para comprar sempre a versão mais moderna de toca-discos.

Era uma paixão à qual ele dedicava muito trabalho e esforço. Nas últimas décadas, contudo, a tecnologia mudou o mundo, a partir da consolidação e da popularização da Internet.

Assim, é quase impossível ter sempre o recurso mais inovador, porque velhos fantasmas –inflação, desemprego e baixa renda– voltaram a nos atormentar. 

As empresas estão ávidas para vender, principalmente pelo telemarketing, mas nem sempre os vendedores têm conhecimento técnico para auxiliar o consumidor. 

Então, há que equilibrar o gosto pelas novidades com a renda, em uma realidade muito, muito difícil.

MARIA INÊS DOLCI - advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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