O Futuro Presente


O Futuro Presente

Conhece essa clássica frase em inglês de início de contato corporativo, "I hope this email finds you well"?

Segundo a revista Time, parece que as mensagens não andam encontrando as pessoas tão bem, não. 

A publicação partiu dessa frase, cotidiana e aparentemente banal, para discutir, no início do ano, uma atual e crescente exaustão e uma falta de engajamento no trabalho. 

Pesquisas recentes também indicam que nossa relação com a vida profissional, de fato, não anda nada saudável. E há uma consequência, no mínimo, inédita: cada vez menos as pessoas querem virar chefes, gestores ou líderes de equipes.

O mundo digital faz com que a gente siga conectado ao trabalho mesmo longe dele ou em horas de (suposto) descanso. 

Smartphones, WhatsApp, Wi-Fi em todo lugar e afins bagunçam bem os limites entre vida pessoal e profissional, além de aumentarem nossa carga de trabalho. 

Você, assim como eu, é de uma geração que ainda se lembra de quando a jornada diária terminava quando largávamos a caneta (a caneta!) e saíamos do escritório?

Quão absurdo é termos normalizado o burnout - termo que se tornou tão frequente no nosso vocabulário? 

Mais de 75% dos profissionais e 63% dos líderes americanos se sentem esgotados em suas posições atuais, segundo pesquisa do The Grossman Group, consultoria de liderança e comunicação com sede em Chicago. 

No Brasil, 30% dos profissionais sofrem com burnout, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

Voltando ao fato inédito: 96% dos profissionais não consideram ser promovidos ao alto escalão como sendo um objetivo importante de carreira, segundo dados do relatório da plataforma canadense de análise Visier. 

Apenas 38% dos colaboradores individuais estão interessados em se tornar líderes de pessoas em suas organizações atuais. 

Os 62% restantes preferem permanecer liderados, mesmo. Mais: de acordo com o relatório State of the Global Workplace 2023, feito pela Gallup com mais de 100 mil pessoas de diversos países do mundo, apenas 21% dos profissionais se sentem engajados profissionalmente.

Mas o que está deixando as pessoas tão absurdamente infelizes no trabalho? Inúmeros fatores. 

Há o receio de perder o emprego, mesmo que não estejamos atravessando uma pandemia ou uma recessão econômica mundial que justifique o medo da demissão - os índices são baixos em relação aos parâmetros históricos. 

Mas, em tempos de inteligência artificial, não é difícil ser substituído por uma máquina, um temor que acompanha desde já a geração Alpha — aquela nascida a partir de 2010. Esse receio, claro, não é saudável: cria paranoias, ansiedade, hipervigilância com o cenário ao redor. 

Quem consegue investir tempo, foco e competência em algo que pode durar pouco? Retrato disso é a quantidade de currículos atualizados no LinkedIn, prontos para a próxima oportunidade.

Tem também, claro, um componente geracional nessa discussão. 

Jovens que seguem a cartilha - tiram boas notas no colégio, fazem ótimas faculdades, seguem em pós-graduações e especializações - não necessariamente encontram bons salários. A receita do sucesso não é mais tão garantida assim. 

Ganhar dinheiro segue relevante, mas não precisa ser mais pelo trabalho formal, fazendo carreira corporativa. Para quem está entre o fim da adolescência e os 35 anos, a famigerada Gen Z, carreira não é o epicentro da vida. 

Por isso, eles não hesitam em trocar de emprego como trocam de roupa (e olha que, de troca de looks, essa turma entende!), seja para ganhar mais, ter mais flexibilidade ou um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal. 

É a tal da "quiet ambition", que busca justamente a paz entre vida pessoal e profissional, em vez priorizar promoções ou cargos de liderança, rejeitando a tradicional escada corporativa. 

Já a geração alpha chegará ao mercado de trabalho com mais vontade de empreender. De acordo com pesquisa da Companhia de Estágios e Opinion Box, 80% dos jovens com até 17 anos pensam em criar o próprio negócio, desejo de 64% entre os que têm de 18 a 24 anos.

Se gestão de pessoas, promoção ou ascensão não estão nos planos da maioria dos funcionários, o que está? Vida além do escritório. 

Os três principais objetivos das pessoas empregadas, hoje, são: 1. Passar tempo com a família e amigos (67%) dos entrevistados; 2. Ter saúde física/mental (64%); e 3. Viajar (58%).
Acho justo. Vou ali dar uma descansadinha e já volto.

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