Os
amigos Paulo, Marta e Felipe decidiram acumular dinheiro para o futuro. Os três
saíram em busca de informações sobre as formas de investir e concluíram que os
planos de previdência reúnem vários atributos favoráveis.
Entretanto, descobriram que a escolha do tipo de plano, do
regime de tributação e do tipo de fundo será distinta. Vamos acompanhar a
trajetória que os três amigos percorreram e aprender com eles como fazer uma
compra consciente e assertiva de um plano de previdência.
ESCOLHA DO PLANO
Os amigos descobriram que a escolha do tipo do plano, PGBL
(Plano Gerador de Benefício Livre) ou VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre),
depende basicamente de dois fatores: (a) tipo de renda ou rendimentos de cada
um; (b) modelo usado, anualmente, para a declaração do Imposto de Renda.
Paulo optou pelo PGBL pois atende aos três quesitos que
justificam tal escolha.
1) A renda de Paulo é tributável, proveniente de trabalho
assalariado;
2) Ele contribui para o INSS;
3) Usa o modelo completo da declaração do IR, pois o valor de
suas despesas dedutíveis supera o desconto padrão concedido pela Receita.
Assim, poderá adiar para a data do resgate o pagamento do imposto sobre até 12%
de sua renda tributável.
Marta optou pelo VGBL porque, embora tenha renda tributável, ela
utiliza o modelo simplificado da declaração do IR, visto que o total de suas
despesas dedutíveis (saúde, educação, dependentes) é inferior ao desconto
padrão concedido pela Receita. Se optasse pelo PGBL não poderia se beneficiar
do diferimento (adiamento) do pagamento do imposto.
Felipe também optou pelo VGBL, mas por outras razões.
1) Sua renda é proveniente do pagamento de dividendos da empresa
que tem em sociedade com outro amigo. Essa renda não é tributável, é isenta da
incidência de imposto na pessoa física. Sendo assim, Felipe não se beneficiaria
da vantagem fiscal concedida pelo PGBL.
2) Além disso, Felipe alterna o modelo da declaração do Imposto
de Renda. Faz a completa quando tem muitas despesas dedutíveis e a simplificada
quando o desconto padrão é mais interessante.
ESCOLHA DA TRIBUTAÇÃO
Os amigos pesquisaram e sabem que há o regime tributável, que
adota a tabela progressiva de alíquotas, definida pela faixa de renda, e o
regime de tributação definitiva, que adota a tabela regressiva de alíquotas,
definida em razão do prazo da aplicação.
Paulo, que tem um PGBL, optou pelo regime definitivo porque seu
horizonte de tempo é superior a dez anos. No resgate pagará 10% de IR sobre
todo o valor de resgate. Deixou de pagar imposto de 27,5% no ano que fez a
aplicação, receberá juros sobre o valor do imposto adiado e, quando resgatar,
pagará uma alíquota bem menor, de apenas 10%. Bom negócio!
Marta, que tem um VGBL, também optou pelo regime definitivo pois
não pretende sacar antes de dez anos. O imposto incidirá somente sobre os
rendimentos, já que o plano não oferece o benefício de adiar o pagamento do
tributo. Ela descobriu também que o prazo de dez anos é contado a partir da
data de cada depósito, e não da data da abertura do plano, como imaginava a
princípio.
Felipe optou pelo regime tributável porque seu prazo de
investimento é incerto. Embora não pretenda mexer nesse dinheiro, é uma
possibilidade que não está descartada. Pagará 15% na fonte quando resgatar e
vai acertar as contas com o leão na declaração anual do IR. O valor final do
imposto será definido em razão da sua renda tributável total, podendo chegar a
27,5%. Quem ganha mais paga mais imposto!
ESCOLHA DO FUNDO
Resta aos amigos uma última decisão. O dinheiro que eles vão
investir será aplicado em um fundo de investimento que será escolhido em razão
do prazo da aplicação e do perfil de risco que cada um deles está disposto a
correr. Quanto maior o risco do fundo, maior a rentabilidade potencial. E,
quanto maior a rentabilidade, maior será o capital acumulado ao longo do tempo!
DIVERSIFICAÇÃO
Os amigos estão decididos a monitorar de perto o andar da
carruagem para assegurar que o plano está sendo executado conforme planejado.
Sabem que podem diversificar comprando os dois tipos de planos
para atender a objetivos diferentes. Descobriram também que podem utilizar a
portabilidade para fazer alguma correção de rumo no meio do caminho.
Mudar de seguradora para reduzir custos, mudar o tipo de fundo e
mudar do regime tributável para o regime definitivo são movimentos que podem
ser feitos para garantir que a meta seja atingida o quanto antes!
Com disciplina e perseverança, a independência financeira dos
amigos no futuro está garantida!
Marcia Dessen - Certified Financial Planner,
é sócia do BMI (Brazilian Management Institute), professora convidada da Fundação
Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de
Profissionais Financeiros. É autora do livro "Cuide Bem do seu
Dinheiro" (Editora Pearson, 2013).
Fonte: www.bmibrasil.com.br