MercadoLivre Classificados caminha na contramão da crise


Imobiliárias, concessionárias e uso de dispositivos móveis ajudam a impulsionar número de anúncios na plataforma.

Mesmo sem o apelo das propagandas de seus concorrentes — que invadem todos os dias as casas dos telespectadores na TV aberta, em horário nobre , com seus bordões irreverentes —, o MercadoLivre Classificados, um dos seis braços do MercadoLivre, comemora seus bons resultados e o crescimento da sua plataforma de anúncios online. A unidade de negócios já acumula cerca de 150 mil anúncios mensais de veículos e aproximadamente 500 mil de imóveis. Por esse braço podem ser negociados ainda serviços. 

Diferente da sua plataforma ponto.com, que funciona como marketplace, na unidade de Classificados as compras não são concluídas no site, a função — como nos classificados tradicionais —, é apenas aproximar compradores e vendedores. 

“A categoria Veículos é líder em audiência há dois anos e meio, e tem crescido de 25% a 28% ao ano nos últimos três anos. O volume de buscas de imóveis também cresce mensalmente”, disse o diretor do MercadoLivre Classificados, Caio Ribeiro. Segundo ele, depois de ultrapassar um período em que pessoas físicas vendiam para outras pessoas, ao longo dos últimos anos, o site foi invadido por concessionárias de veículos e imobiliárias. 

“Em Veículos — principal categoria — 45% dos anúncios ainda são feitos por pessoas físicas, mas em Imóveis, quase 95% das ofertas são de imobiliárias”, declarou o executivo. 
Hoje, disse Ribeiro, segundo o Google, 95% das pessoas que querem comprar um carro — principalmente usados — iniciam suas buscas na internet. Já na procura por imóveis o número é de 66%. 

“Veículos foi a primeira categoria e hoje é a mais importante. Mas também vemos um crescimento expressivo em Imóveis. Já o mercado de Serviços ainda é pouco explorado na internet. De olho nisso, melhoramos o produto. Criamos a possibilidade de avaliação, muito importante para essa categoria”, explicou o executivo do MercadoLivre Classificados, acrescentando que como em classificados não há comissão — formato praticado no marketplace —, a empresa oferece pacotes aos seus anunciantes: os primeiros 30 dias são gratuitos, depois há opções, dependendo da exposição desejada ao item — como, por exemplo, aparição nas primeiras posições de busca —, com um preço único até o produto ser vendido. 

De acordo com Ribeiro, os dispositivos móveis têm ajudado no crescimento das buscas. Hoje, disse ele, mais de 20% do tráfego da MercadoLivre como um todo já vem do mobile. Desde o início do ano, os anúncios da categoria Veículos já podem ser feitos por tablets e smartphones. Há pouco mais de um mês, o serviço foi expandido para os imóveis. 

“Na nossa visão, a utilização dos dispositivos móveis vai crescer ainda mais, pois em Classificados esse número já é maior do que da companhia como um todo”, afirmou o executivo, que completou: “Quase 8% dos anúncios já vem do aplicativo. Hoje, tudo que nos pensamos hoje é mobile first. Até 2020, a expectativa é que mais de 60% do tráfego da internet mundial seja via dispositivos móveis. Não é importante só fazer mobile ser prioridade, mas a navegação em mais de uma multitela tem que ser explorada. O consumidor pode começar uma busca no celular e concluir a compra em um desktop, por exemplo”.

A joint venture e seus reflexos no mercado brasileiro 

O “desapega” da OLX já está há um tempo no ar e a bomnegócio.com acumula propagandas engraçadas, com personalidades como Tiririca e, mais recentemente, o humorista Leandro Hassum. Há dez dias, as duas anunciaram a formação de uma joint venture, que deve ajudar a expandir a participação de mercado no Brasil, hoje dominado pela rival MercadoLivre.

Perguntado sobre a fusão de duas de suas principais concorrentes — OLX e bomnegócio.com — Ribeiro disse apenas que o MercadoLivre “vê com naturalidade os movimentos de união algumas empresas no setor de e-commerce”. “Temos agora no ar 22 milhões de anúncios, incluindo Classificados de Imóveis, Veículos e Serviços, e registramos a venda de 27 milhões de itens no terceiro trimestre deste ano”, completou. No final de outubro, a companhia divulgou receita líquida de US$ 147, 9 milhões, em julho, agosto e setembro de 2014, um crescimento de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que no Brasil, maior mercado para a empresa, a expansão de produtos vendidos foi de 29,9%. 

O acordo para a criação da joint venture, formada entre Naspers, que controla o site OLX, e SnT Classifieds, ainda está sujeita à aprovação da União Europeia. A expectativa é que seja fechada no início de 2015. 

Procurada, a bomnegócio.com disse que “sob a marca OLX, a nova empresa será comandada por Andries Oudshoorn, atual CEO do bomnegócio.com, e utilizará a plataforma de tecnologia, site e aplicativos do bomnegócio.com. Marcos Leite, atual CEO da OLX, assumirá um cargo sênior nesta nova estrutura. Com esta fusão, os usuários de classificados online vão ganhar o dobro de conteúdo com todos os compradores e vendedores em um só site”. Já a OLX, até o fechamento dessa edição, não comentou o assunto.

Gabriela Murno – repórter do jornal no Rio de janeiro

Fonte: jornal Brasil Econômico

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