O que vem depois de chats, ICQ, Messenger, LinkedIn, Orkut,
Facebook, Snapchat, Instagram e afins?
Tereza acaba de cometer suicídio no Facebook. Achou que estava
perdendo tempo. Silvia nunca entrou. Lili tampouco. Elas simplesmente nunca
tiveram interesse. Quando sabem de algo que se passa ali, é por terceiros, como
seus maridos, usuários eventuais.
Paula entrou, mas não se encantou. Volta pouco. Maurício já
criou quatro perfis diferentes, para dar conta de tantos amigos. Gerald é de
fases: às vezes interage compulsivamente, outras vezes fica furioso, diz que
nunca mais vai voltar, mas acaba voltando.
Já o Theo, coitado, foi trollado -teve computador e senha do
Facebook roubados por um ladrãozinho de São Sebastião neste Natal.
Helena ainda usa o Facebook e o Twitter, mas cada vez menos.
Antes usou o Orkut, mas largou em 2011 e nem se lembra da senha. Nenhum dos seus
amigos está mais lá para ver aquelas imagens pisca-pisca que o Mark Zuckerberg
jurou que jamais permitiria no Facebook.
Helena também teve a fase MSN Messenger e a fase Tumblr, mas os
diálogos do Messenger ela não se lembrou de salvar, enquanto o Tumblr ela se
lembrou de apagar. Agora ela usa o Snapchat, o Instagram e o WhatsApp, que
Chris já largou mas Lili usa bastante. Chris e Lili não desistiram do Skype,
até o ponto que eu sei, mesmo tendo o FaceTime ali à mão, pré-instalado no
iPhone.
O Snapchat é o melhor de todos da última semana. Dá para
programar por quantos segundos a foto que estamos mandando permanecerá visível
na tela do destinatário. Se o destinatário não for rápido no gatilho para
salvar a foto, ela se evapora no ar. Aí não precisamos nos preocupar em apagar
aquela tranqueira toda que vamos publicando e recebendo ao longo dos dias,
meses e anos, até que o software ou o computador morra e leve com ele nossa
história eletrônica.
Chat e ICQ vasculhei de cabo a rabo no passado, mais por razões
profissionais do que por diversão. Por farra, usei Twitter e Instagram. O
Twitter foi perdendo a graça com gente monotemática, perfis falsos e robôs. O
Instagram ainda acho bacana, enquanto não entopem de propaganda. Aprendi que
quanto menos conexões estabeleço, mais relevante fica a rede.
O LinkedIn parece muito engravatado. Ali as pessoas querem
mostrar seu lado sério e não suas fotos de biquíni ou copo de cerveja na mão. O
LinkedIn é o lugar do RH, que pesquisa currículos, aborda profissionais para
suas vagas e analisa as conexões dos candidatos. A turma do RH, embora a gente
não se preocupe com isso, também anda espiando o Facebook, para dar uma
checadinha no "perfil" do candidato ou o comportamento do
funcionário. Candidatos a namorado também usam esse truque.
Investigar redes sociais é rotina para profissionais de
segurança, eletrônica, policial ou o que for. Departamentos de imigração, como
o dos Estados Unidos, são apontados como usuários do Facebook.
Afinal, não se esqueça, entrar em países como os Estados Unidos
é um privilégio, não um direito.
O Facebook é usado para checar se a pessoa é quem ela diz que é.
E se o sujeito não tem Facebook? Aí, só pode ser um suspeito. Se
não está no Facebook, o que ele tem a esconder, não é mesmo?
Marion Strecker - jornalista, fotógrafa e uma das pioneiras da internet no Brasil,
integrou o grupo de fundou o UOL e dirigiu sua equipe de conteúdo por quase 15
anos, até fevereiro de 2011.
Fonte: jornal Folha
de São Paulo