Em um
longa entrevista concedida ao jornal britânico The
Guardian, Edward Snowden, o ex-técnico da NSA que denunciou o programa de
espionagem da agência de inteligência americana, incitou jornalistas e outros
profissionais, como advogados e médicos, a proteger sua privacidade na
internet.
Na
entrevista ao editor-chefe do Guardian, Alan Rusbridger, e a Ewen
MacAskill, correspondente de Defesa e Inteligência do jornal, Snowden ressaltou
que as pessoas precisam ter em mente que vivem em “um novo mundo de desafios”.
“O que as revelações feitas no ano passado nos mostraram foi uma prova
incontestável de que as comunicações pela internet que não são codificadas
deixaram de ser seguras. Consequentemente, todas as comunicações deveriam ser
codificadas”, defendeu.
“Os
jornalistas têm que estar particularmente conscientes sobre qualquer tipo de
sinal pela rede, qualquer tipo de conexão, qualquer tipo de aparelho de leitura
pelo qual passem a caminho de um encontro; têm que pensar que o uso do cartão
de crédito, do telefone ou do e-mail que tenham com qualquer fonte antes que
sejam estabelecidas comunicações codificadas é o suficiente para revelar um
sigilo”, alertou.
Projeto
de encriptação
Snowden
disse que usa parte de seu tempo projetando ferramentas de encriptação para
ajudar profissionais, como os jornalistas, a proteger fontes e informações. Ele
afirmou que está negociando um financiamento para esse projeto. “Um lamentável
efeito colateral do desenvolvimento destas novas tecnologias de vigilância é
que o trabalho jornalístico tornou-se incomensuravelmente mais difícil do que
era no passado”.
A
reação foi rápida. Durante um debate na Câmara dos Comuns britânica sobre uma
nova lei a respeito de vigilância, o ministro do Interior, James Brokenshire,
disse que estava sendo estudado um código para proteger os privilégios legais e
o sigilo dos profissionais.
Durante
as sete horas de sua entrevista ao Guardian, Edward Snowden disse que:
** Se
acabasse preso na base militar norte-americana de Guantánamo, saberia como
sobreviver.
** Ao
contrário do que dizem nos jornais – que ele estaria deprimido –, não se sente
triste nem se arrepende de coisa alguma. Snowden classifica várias teorias
conspiratórias, inclusive sugestões de que seja um espião russo, como
“besteira”.
** Ao
contrário de uma denúncia de que estaria trabalhando para uma organização russa,
mantém sua segurança com independência, vivendo de poupança e dinheiro que
recebe de prêmios e palestras que dá, via internet, por todo o mundo.
**
Sobre seu futuro, aparentemente será a Rússia, por algum tempo, e manifesta sua
decepção com os governos da Europa Ocidental, que não lhe ofereceram asilo.
**
Espera conseguir um julgamento com júri nos EUA, pois acredita que seria
difícil encontrar 12 jurados que o condenassem por um delito que é a defesa de
um interesse público.
Tradução: Jô
Amado, edição de Leticia Nunes. Informações
de Alan Rusbridger e Ewen MacAskill [“Edward Snowden urges professionals to
encrypt client communications”, The Guardian, 17/7/14]; e Andrew Beaujon
[“Edward Snowden is designing tools for journalists”, Poynter, 17/7/14]
Fonte: site Observatório da Imprensa