Crise na Saúde
Suplementar: alerta do Chile ao Brasil
A solução
britânica e a busca pela sustentabilidade
Enquanto o caso
chileno representa um exemplo a ser evitado, o modelo do Reino Unido, onde o
Sistema Nacional de Saúde (NHS) opera com forte disciplina de acesso e controle
de custos, é citado como uma referência positiva.
No NHS, o paciente passa
primeiro por um médico de família, que regula o acesso ao sistema e determina
se há necessidade de encaminhamento para clínicas ou hospitais.
Esse controle
reduz os custos operacionais e garante que o sistema permaneça financeiramente
viável, atendendo uma grande parcela da população com um nível de
previsibilidade e segurança clínica.
Ribeiro observa
que o modelo britânico poderia inspirar o sistema brasileiro a adotar medidas
que integrem melhor o setor público e privado e criem uma rede de atendimento
hierarquizada.
Além disso, destaca que o Reino Unido conta com uma regulação
firme e bem estabelecida, que evita judicializações desnecessárias e mantém o
setor em equilíbrio.
O Brasil, por sua vez, vive um cenário de insegurança
regulatória, onde decisões judiciais muitas vezes obrigam as operadoras a
oferecer tratamentos e medicamentos que ainda não foram aprovados, criando um
ambiente de incertezas e despesas imprevisíveis.
Propostas para a
saúde suplementar brasileira
Para reverter a
situação de crise e fortalecer o setor, Ribeiro defende a criação de uma
agência única para a incorporação de tecnologias na saúde, que atuaria tanto no
sistema público quanto no privado.
Hoje, a Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) é responsável pela incorporação
de novas tecnologias para o Sistema Único de Saúde (SUS), mas não tem um papel
central no sistema privado.
Com uma agência única, seria possível avaliar e
incorporar inovações de forma coordenada, garantindo que novas tecnologias
sejam adotadas de maneira segura e sustentável.
Outra proposta é
promover uma maior integração entre o sistema público e privado, algo que,
segundo Ribeiro, já ocorre em outros países e poderia beneficiar o Brasil ao
reduzir duplicidade de serviços e melhorar a gestão de recursos.
O objetivo é
evitar que os dois sistemas operem de forma isolada, o que gera ineficiências e
aumenta os custos.
Congresso Abramge:
fórum para o futuro da saúde suplementar
Esses temas serão
debatidos no 28º Congresso Abramge, que ocorrerá nos dias 21 e 22 de novembro
em São Paulo.
O evento reunirá especialistas nacionais e internacionais, além
de dirigentes do setor e reguladores, com o objetivo de propor soluções
práticas para os desafios enfrentados pela saúde suplementar no Brasil.
A pauta
inclui discussões sobre modelos de integração, combate à judicialização,
segurança jurídica e novas tecnologias.
Segundo Ribeiro, o congresso é uma
oportunidade para abrir o diálogo e construir uma visão de futuro que leve em
conta a necessidade de equilíbrio entre custos e acessibilidade.
O contexto atual
do setor de saúde suplementar no Brasil exige medidas urgentes.
A experiência
internacional demonstra que modelos bem-sucedidos dependem de um equilíbrio
entre regulação, acesso, e sustentabilidade econômica.
O caso chileno, ao mesmo
tempo, serve como um alerta de que o desequilíbrio entre responsabilidades e
financiamento pode levar ao colapso, afetando milhões de pessoas.
Assim, o Brasil se
encontra em uma encruzilhada, onde a adoção de medidas baseadas em modelos de
sucesso, como o do Reino Unido, pode ser essencial para garantir a continuidade
e qualidade dos serviços de saúde suplementar.
No entanto, para que isso ocorra,
será necessário que o setor conte com o apoio dos reguladores e legisladores,
bem como uma abordagem colaborativa entre todos os agentes envolvidos.
Fonte:
Assistants Consultoria Atuarial