Questão que parecia resolvida foi
reaberta por Max Planck e Albert Einstein.
No
início do século 17, questionando velhas ideias de Aristóteles, a ciência
começou a se perguntar de que é feita a luz: pequenas partículas (teoria
corpuscular) ou ondas vibrando (teoria ondulatória)? Apesar do apoio de Newton,
três séculos depois a teoria corpuscular estava em apuros: ela não explica
fenômenos como a refração, e também era desabonada pelos avanços no
eletromagnetismo.
A
descoberta empírica da eletricidade (eletricidade estática) e do magnetismo
(ímãs) remonta à antiguidade, mas seu estudo científico também começou no
século 17. Foi ficando claro que os dois estão diretamente relacionados: ímãs
em movimento geram corrente elétrica —é assim que hidrelétricas transformam
movimento de água em eletricidade— e corrente elétrica gera magnetismo.
Isso
culminou na unificação realizada em 1865 pelo britânico James Clerk Maxwell
(1831–1879): sua teoria matemática explica eletricidade e magnetismo como faces
de uma única entidade, chamada campo eletromagnético, que se move no espaço à
velocidade da luz sob a forma de ondas (dependendo do comprimento, são ondas de
rádio, micro-ondas, luz visível, raios X, raios gama etc). Foi por meio das
equações de Maxwell que a divindade proclamou “Faça-se a luz!”.
Uma
década depois, o jovem físico Max Planck (1858–1947) começava a pós-graduação
em Munique, mas seu orientador recomendou que não estudasse física pois
“praticamente tudo já foi descoberto, só falta tapar alguns buracos”. Planck
persistiu assim mesmo.
Um
desses “buracos” dizia respeito à radiação eletromagnética emitida pelos
chamados corpos negros. Desesperado para obter uma teoria compatível com as
observações, em 1900 Planck adotou uma suposição estranha: existiriam
quantidades mínimas (“quanta”) de energia eletromagnética, que não podem ser
subdivididas. Um pouco como o dinheiro, cuja quantidade mínima é um centavo.
Isso
ia contra tudo o que se sabia sobre energia e eletromagnetismo, mas
funcionava... E a ideia bizarra foi logo aproveitada por outro jovem alemão.
Albert Einstein (1879–1955) usou-a em 1905 para explicar a criação de corrente
elétrica quando luz incide em certos metais (efeito fotoelétrico): a luz seria
formada por partículas indivisíveis (fótons) que, ao colidir com o metal,
poriam seus elétrons em movimento.
Planck
e Einstein ganharam o prêmio Nobel de Física, em 1918 e 1922, respectivamente.
Mas tinham reaberto a questão que parecia resolvida: ondas ou partículas? O
mistério só iria se adensar...
Marcelo Viana - diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e
Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de Franc