Mais fácil casar que falar de dinheiro


Eduardo e Mônica finalmente marcaram a data do casamento. Após muitas idas e vindas, acharam que já era tempo de formalizar o relacionamento, celebrando com a família e os amigos o amor que os une.

A fase de namoro, gostosa como ela só, é difícil de largar. O casamento trará grandes mudanças na vida dos dois. Boa comunicação e algum planejamento podem ajudar a manter a felicidade.

O avô de um amigo tem uma teoria interessante sobre a causa de muitos casamentos não serem longevos como o dele. "A mulher acha que, depois de casada, vai conseguir mudar o que desaprova no homem que ama, mas ele não muda. O homem acha que ela vai continuar sendo a mulher adorável da fase de namoro, mas ela muda."

Eduardo e Mônica já ensaiaram, tentaram engatar o assunto, mas nunca tiveram uma boa conversa sobre os planos para o futuro. Falar dos sonhos e também da realidade. Avaliar a situação financeira de cada um e decidir como podem, em conjunto, alcançar seus objetivos.

Eles já conversaram sobre a compra da casa. Decidiram aproveitar a onda de aluguéis baratos e alugar um apartamento enquanto poupam recursos suficientes para comprar a casa própria. Bom começo.

Também já conversaram sobre filhos. Se depender de Eduardo, a família aumentará logo. Mônica prefere esperar, curtir a vida a dois, esticar a fase de namoro pelo maior tempo possível. Eduardo não sabe que a gravidez e a maternidade a assustam. Diferença relevante em relação a um tema de suma importância.

Ainda não conversaram sobre dinheiro. Ficam meio desajeitados, acham que é invasão de privacidade, afinal não são casados. Os dois trabalham e gastam o dinheiro como bem entendem. Mas sabem pouco da vida financeira um do outro.

Eduardo acha que Mônica exagera na compra de roupas e sapatos. A percepção dele está correta, mas ele não sabe que ela tem dívida no cartão de crédito. Mônica acha que Eduardo é individualista, "pensa mais nele que em nós", lamenta. Ela não sabe que ele paga um empréstimo contraído em seu nome para ajudar o irmão desempregado. Terreno minado, pouco adequado para construir caminhos amplos e sólidos para alcançar objetivos futuros.

Regime de comunhão de bens no casamento foi outro assunto que passou batido. E os casais só tomam conhecimento do assunto na hora ruim, de separação ou de morte. Especialmente quando há bens anteriores ao casamento, dívidas e negócio próprio envolvido, não dá pra deixar de conversar sobre o assunto.

Embora já tenham conversado sobre grandes planos, não se importaram em detalhar as finanças do dia a dia, ou por atribuir pouca importância ao assunto ou para evitar uma conversa difícil. Está na hora de serem práticos, deixarem o romantismo um pouco de lado e planejarem as finanças do casal.

Orçamento: listar as receitas e as despesas, avaliar de quanto será a contribuição de cada um para as despesas da vida a dois. A conta precisa fechar no final do mês, deixando espaço para poupar para projetos futuros.

Conta conjunta ou separada: manter uma única conta-corrente pode ser econômico em termos de tarifas bancárias, entretanto exige muita negociação. Duas contas individuais são boas para cuidar das despesas pessoais de cada um, mas dificulta enxergar e controlar as despesas do casal. Manter as contas individuais mais uma conta conjunta somente para as despesas da família e investimentos para projetos futuros pode ser uma boa solução.

Cartão de crédito: muito cuidado aqui. Se bem utilizado, pode ser um bom gerenciador para as despesas conjuntas. Se houver excessos, problema (dos grandes) à vista.

Objetivos futuros: quais são e quanto será preciso poupar para atingi-los? Onde investir? Concordar previamente sobre o perfil de risco dos investimentos pode evitar perdas e discussões.

Plano de saúde: um dos dois (ou os dois) tem plano? Fazem parte do plano de saúde coletivo da empresa onde trabalham? De quem contratar, de que tipo, quando? Um bom corretor de seguros especialista nessa área pode ajudar muito. Principalmente se envolver perspectiva de gravidez no curto/médio prazo.

O casamento muda sua vida e também as suas finanças. Não deixe essa conversa para depois

Marcia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'.

Fonte: coluna jornal FSP

Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br