Sendo
eu mesmo um profissional de finanças, sou um dos primeiros a reconhecer que
finanças não é um assunto muito “sexy”. Pelo contrário, é um assunto chato e
maçante (porém não “difícil” como a maioria das pessoas imagina). O problema é
que a vida tende a ser infinitamente mais chata, maçante e difícil se a gente
não cuida das finanças, por isso é melhor escolhermos uma chatice menor no
curto prazo para evitar um problema imensamente maior no longo prazo.
Mas existem algumas coisas, no universo das finanças pessoais,
que são particularmente chatas. Fiz uma lista de algumas delas, será que você
se identifica?
1- Economizar
em coisas que deveriam ser insignificantes
Desde a
velha história do “um cafezinho por dia”, passando pela procura de itens mais
baratos no supermercado e, mais recentemente, a quantidade de pessoas que está
cancelando pacotes de TV a cabo em favor de serviços de streaming – estamos sempre tentando
cortar alguma coisa.
É bastante frustrante ficar procurando oportunidades de cortar
gastos em itens que não deveriam pesar tanto em nosso orçamento (mas pesam…),
principalmente quando se apela para economias radicais como misturar água no
detergente ou “espremer o tubo de pasta de dentes até o fim”, para tentar
poupar alguns reais… Apenas para descobrir depois que o plano de saúde vai
aumentar 30% no mês que vem…
2- Ser
visto como um “extraterrestre”
Pessoas que controlam as contas e usam ferramentas de
planejamento financeiro costumam ser vistas como excêntricas, bitoladas ou
mesmo mesquinhas. A “regra geral” na sociedade é gastar dinheiro de forma
pródiga, especialmente em coisas supérfluas.
Agora,
que estamos passando por um período econômico difícil, as pessoas ficam mais
comedidas nos gastos, mas muitos voltarão ao padrão anterior de gastança assim
que a situação der uma aliviada. E aqueles que praticam o planejamento
financeiro regularmente voltarão a ser vistos como criaturas de outro mundo –
gente esquisita, que “se priva de pequenos prazeres”. Carpe
diemno dos outros é refresco…
3- Ter
a sensação de que planejamento financeiro só funciona quando se tem um salário
Grande parte daquilo que se escreve e se prega em finanças
pessoais é voltado para pessoas que têm rendas regulares e estáveis, como
salários. Empresários, profissionais liberais, autônomos e comissionados
costumam se sentir um pouco desamparados quando leem um livro típico de
finanças pessoais (ou palestra, curso etc).
Existem algumas técnicas para tentar estimar a renda mensal
“realista” de alguém que não tenha um fluxo de caixa regular (como fazer uma
média dos três piores meses do ano), mas ainda assim não é algo perfeito.
Especialmente em situações de crise, alguns desses profissionais
podem passar por períodos com renda mínima ou mesmo inexistente. E aí não tem
planejamento financeiro que dê jeito…
4- Ter
que controlar os impulsos
Os impulsos fazem parte de nossa essência humana (ou “animal”,
se preferir…). Dez em dez especialistas em finanças pessoais dizem que temos
que controlar os impulsos, mas isso não é, definitivamente, algo natural para
nós. É algo doloroso, que causa desprazer e que só se sustenta se tivermos uma
visão bem clara e definida do que queremos para o futuro (para justificar o
sacrifício feito no presente).
5- Ter
que fazer contas
Algumas pessoas abominam matemática (justificável, ainda mais se
considerarmos como ela é ensinada nas escolas…). Como regra geral, os
conhecimentos de finanças pessoais são fáceis e acessíveis para qualquer
pessoa, mas envolvem um pouco de matemática “não linear”, especialmente quando
falamos de juros.
Não dá
para calcular juros “de cabeça” quando se fala de vários períodos (por exemplo,
um empréstimo para pagar em vários meses). Ainda bem que a maioria dos smartphones têm
calculadoras – agora só falta usar!
Não é uma lista extensiva. Obviamente tem muito mais “coisas
chatas” quando se fala da gestão do dinheiro. Alguma outra ideia de “chatice
financeira”? Ponha na área de comentários!
Quer
receber atualizações desde blog e outros conteúdos por email? Assine
minha newsletter clicando aqui.
André Massaro - escritor, palestrante,
educador financeiro e consultor especializado em finanças, investimentos e
economia; é autor dos livros "MoneyFit", "Por dentro da bolsa de
valores" e "Dinheiro é um santo remédio".
Fonte: www.andremassaro.com.br