Ondas de Calor: Impactos na Mortalidade e Saúde


Ondas de Calor: Impactos na Mortalidade e Saúde

As ondas de calor têm se tornado cada vez mais frequentes e intensas em todo o mundo, com efeitos devastadores na saúde pública. 

Estudos recentes mostram que o aumento extremo das temperaturas está diretamente relacionado ao crescimento das taxas de mortalidade e morbidade, especialmente em regiões como América do Norte, Europa e Ásia. 

Esses eventos climáticos, impulsionados pelas mudanças climáticas, sobrecarregam sistemas cardiovasculares e renais, além de agravar doenças mentais e respiratórias.

De acordo com o relatório de síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), desde a década de 1950, o mundo tem registrado um aumento global de temperaturas extremas, com poucas exceções regionais. 

Em países como o Japão, que em 2022 enfrentou nove dias consecutivos de temperaturas acima de 35°C, milhares de pessoas foram internadas com insolação. Na Europa, a onda de calor de 2003 causou cerca de 70.000 mortes.

Desafios para a Saúde e a Mortalidade

Ondas de calor são eventos climáticos extremos que exercem uma pressão intensa sobre o corpo humano, desencadeando uma série de reações que podem levar à morte. 

Entre os impactos mais comuns estão o estresse cardiovascular e renal, desidratação e a exacerbação de doenças crônicas. 

Além disso, estudos indicam que a saúde mental também é afetada negativamente, com aumento na incidência de transtornos afetivos e de ansiedade.

Grupos vulneráveis, como idosos, crianças, trabalhadores ao ar livre e pessoas em áreas urbanas pobres, são os mais suscetíveis aos efeitos da alta temperatura. 

As desigualdades socioeconômicas aumentam o risco, pois muitos desses grupos não têm acesso a infraestrutura adequada para mitigar os impactos do calor extremo, como ar-condicionado ou áreas verdes.

Mortes relacionadas ao calor na Europa e nos EUA

A mortalidade durante ondas de calor tem sido amplamente documentada em diversas partes do mundo. 

Na Europa, por exemplo, os países enfrentam variações regionais nas taxas de mortalidade relacionadas ao calor. 

A Alemanha, Portugal e Bulgária registraram picos de mortalidade em verões particularmente quentes, como o de 2003. 

No entanto, essa tendência não se limita à Europa. 

Nos Estados Unidos, entre 1999 e 2018, foram registradas entre 1 e 3,5 mortes por milhão de habitantes devido ao calor. 

Agência de Proteção Ambiental (EPA) acredita que esses números estão subestimados, pois muitas mortes causadas pelo calor não são devidamente registradas como tal.

Os dados mostram que, mesmo com algumas adaptações da população ao calor extremo, as temperaturas crescentes e o envelhecimento populacional indicam que a vulnerabilidade a esses eventos climáticos está aumentando, especialmente em estados como a Flórida.

O frio também mata

Embora o foco atual seja o aumento da mortalidade por calor, o inverno também apresenta riscos significativos. 

A mortalidade durante as estações frias é frequentemente atribuída a doenças como a gripe, que, embora exacerbada pelo frio, depende de outros fatores, como variações sazonais no sistema imunológico e nas cepas do vírus. 

Isso significa que, mesmo em um cenário de mudanças climáticas, em que os invernos se tornem menos rigorosos, a mortalidade por gripe e outras doenças de inverno ainda pode ser elevada.

Adaptação necessária

A adaptação ao aumento das temperaturas já é uma realidade para muitas populações ao redor do mundo. Estudos mostram que o “ponto ótimo” de temperatura — ou seja, a temperatura em que a mortalidade é mais baixa — varia de acordo com a região. 

Em países mais quentes, essa temperatura ideal é naturalmente mais alta, indicando que as populações nesses locais já têm algum grau de adaptação ao calor.

No entanto, é evidente que as mudanças climáticas estão impondo novos desafios à saúde pública, e esforços para mitigar esses impactos são urgentes. 

O aumento das temperaturas não só agrava diretamente as condições de saúde, mas também influencia fenômenos secundários, como a disseminação de doenças transmitidas por vetores e a qualidade do ar, prejudicada pela fumaça de incêndios florestais, que se tornaram mais frequentes.

A relação entre as mudanças climáticas e a mortalidade é complexa e multifacetada. 

Ondas de calor intensas, como as registradas em várias partes do mundo nos últimos anos, estão elevando as taxas de mortalidade e sobrecarregando os sistemas de saúde. 

Embora as populações estejam se adaptando, o ritmo das mudanças climáticas exige respostas mais rápidas e eficazes. 

Políticas públicas que visem mitigar os efeitos do calor, como a criação de espaços verdes nas cidades e o fortalecimento de redes de saúde pública, serão essenciais para enfrentar esse crescente desafio.

Fonte: The Actuary Magazine

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