Veículo que fazia serviço de Uber
foi atingido por manobrista alcoolizado no centro de SP
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Os serviços de valet (manobrista) se multiplicaram ao
longo dos anos, para comodidade de quem vai a bares, restaurantes, casas
noturnas e de espetáculo. Neste sábado (4), porém, um manobrista da empresa
White Service colidiu contra um carro a serviço da Uber e matou o jornalista Thyago Gadelha Chaves. Duas pessoas ficaram feridas.
Causa revolta e preocupação o fato de o manobrista estar
alcoolizado e perceber que um serviço desses não é devidamente fiscalizado.
Uma pessoa que entrega seu carro em confiança a um manobrista
deveria ficar tranquila de que o veículo será conduzido com cuidado, seguindo
rigorosamente as leis de trânsito e a sinalização. Não é o que acontece
inúmeras vezes.
Não é incomum, ao trafegar pelas ruas das grandes
cidades, que os condutores se deparem com veículos cruzando a rua na frente dos
carros ou rodando de ré em busca de uma vaga junto ao meio-fio. Muitos
consumidores pensam que pagam por um estacionamento, mas, na verdade, estão
sujeitos a multas, porque os veículos são estacionados até em locais proibidos.
A ânsia regulatória que quase acabou com os aplicativos
de transporte, como Uber, Cabify e 99, se transforma em desleixo em casos como
o das empresas de valet, bem como as de segurança e vigilância de fundo de
quintal. Nessas situações, erram todos: prefeituras, por não fiscalizarem
devidamente um serviço que ocorre em suas jurisdições, e empresas que, em
algumas situações, contratam pelo preço, sem checar credenciais e histórico dos
prestadores.
Um manobrista que bebeu e matou em serviço deveria
perder a habilitação para sempre, além de sofrer as consequências criminais de
seu ato. Uma vida perdida é irrecuperável. De nada adianta os envolvidos
emitirem notas oficiais dizendo lamentar o ocorrido e se comprometendo a arcar
com os compromissos legais.
Também não resolve dizer que o serviço era terceirizado.
Quem contrata tem responsabilidade, sim. Deveria responder por suas escolhas,
exceto em fatalidades, o que não parece ser o caso. O Código de Defesa do
Consumidor estabelece a responsabilidade solidária na contratação do serviço.
Todos têm de responder em caso de danos.
Tirar uma vida por dirigir bêbado é homicídio doloso,
aquele cometido intencionalmente. Infelizmente, há muitas ocorrências
semelhantes em que o responsável é tratado com leniência.
Que a Prefeitura Municipal de São Paulo e as das cidades
brasileiras em que haja empresas de valet fiscalizem com rigor esses serviços.
E que todos os responsáveis por crimes como este paguem muito caro por isso.
Lamentavelmente, o jornalista perdeu a vida, mas tragédias semelhantes podem
ser evitadas.
Um recado às pessoas que saem para se divertir,
principalmente à noite: como terão de pagar o valet, correndo o risco de se
envolverem indiretamente em um acidente, serem multadas por estacionamento em
local indevido e terem o carro roubado, e ainda não poderão consumir bebida
alcoólica, o mais indicado é ir de táxi ou usar serviço de transporte por
aplicativo
Maria Inês Dolci - advogada, é especialista
em direitos do consumidor, especializou-se em direito empresarial.
Fonte: coluna jornal FSP