Na
semana que vem eu recebo o título de embaixador paraolímpico, uma honraria que
enche os meus olhos de lágrimas e o meu coração de orgulho.
O
meu papel é o de disseminar os valores e os pleitos de nossa equipe
paraolímpica na sociedade.
Apesar
de menos prestigiada e conhecida do que a nossa equipe olímpica, é a equipe
paraolímpica que ganha mais medalhas.
O
que é a cara do Brasil. O Brasil é superação, é caminhar contra o vento. O
Brasil é um saci-pererê.
Precisamos
dos jornalistas do esporte e, para além deles, dos formadores de opinião e de
todos aqueles que possam colocar a nossa equipe paraolímpica no panteão que ela
merece. São heróis nacionais que têm muito a dizer, a mostrar e a fazer.
O
maior medalhista do esporte paraolímpico brasileiro vem das piscinas. O nadador
Daniel Dias já ganhou 15 medalhas em Jogos Paraolímpicos, sendo que dez delas
são de ouro. Dias conquistou pela terceira vez neste ano o Prêmio Laureus,
considerado o Oscar do esporte mundial.
O
Brasil tem ainda a cega mais veloz do planeta, Terezinha Guilhermina. Terezinha
tem seis medalhas em Jogos Paraolímpicos, três delas de ouro. Ela é
simplesmente a recordista mundial dos 100, dos 200 e dos 400 metros para cegos.
O
futebol masculino, grande paixão nacional, tem frustrado a nação por nunca ter
conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (esperemos que neste ano seja
diferente). Mas, no futebol de 5 paraolímpico para cegos, a seleção brasileira
é tetracampeã mundial e nunca perdeu uma partida sequer em três edições dos
Jogos Paraolímpicos. Na Rio 2016, vamos em busca da quarta medalha de ouro
tendo como destaques os craques Ricardinho e Jefinho, os dois melhores
jogadores de futebol de cegos do planeta.
O
Brasil é uma potência do esporte paraolímpico. Desde os Jogos Paraolímpicos de
Pequim, em 2008, o nosso país fica entre os dez melhores do quadro de medalhas,
resultado do aumento dos investimentos e do trabalho do Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), fundado em 1995, na descoberta e na preparação dos nossos
atletas.
Em
Pequim, o Brasil terminou em nono lugar, com 16 medalhas de ouro e 47 medalhas
no total. Quatro anos depois, nos Jogos Paraolímpicos de Londres, o Brasil
ficou em sétimo lugar no quadro geral, com 21 medalhas de ouro e 43 medalhas no
total. Agora, competindo em nossa casa, diante de nossa torcida, o nosso
objetivo é ficar em quinto lugar.
Para
chegar lá, o desafio será conquistar pelo menos dez medalhas de ouro a mais do
que em Londres e superar países como a Austrália e os Estados Unidos, potências
olímpicas e paraolímpicas.
Numa
história crescente de esforços e vitórias, o calor e o amor de nossa torcida
serão fundamentais.
Esta
Folha é lida pelas pessoas mais importantes do Brasil. O que você, todo-poderoso,
pode fazer para me ajudar a ajudar essa causa tão nobre?
Feche
os olhos e imagine o que você pode fazer.
O
amor é paraolímpico. O amor é cego.
Conto
com o seu apoio, com a sua presença de espírito. Conto com um texto no seu
Facebook, no seu blog, no seu Twitter, na sua coluna, no seu programa de
televisão ou de rádio ou de YouTube.
O
Brasil vive um momento de adversidades. Mas, como sempre digo, cadeirantes,
cegos, sem pernas e braços, atravessaremos entre os primeiros a reta da
chegada.
Porque
somos o país da superação. Somos o Brasil.
Nizan Guanaes - publicitário baiano, é dono do maior grupo
publicitário do país, o ABC.