Você é o dono do seu tempo?


Por que, então, as pessoas não fazem as coisas que tanto desejam?


Uma das queixas mais frequentes dos homens e mulheres, de todas as idades, que tenho pesquisado é: "falta de tempo".

Eles dizem que gostariam de fazer cursos de filosofia e história, ler mais livros, escrever, dançar, praticar esportes, fazer musculação e pilates, aprender a tocar piano e cantar, estudar inglês e francês, sair com os amigos, namorar, viajar, ir ao teatro e cinema, conhecer lugares novos, caminhar na praia, participar de palestras, fazer um trabalho voluntário e muitas outras atividades interessantes, diferentes e prazerosas.

Por que, então, não fazem estas coisas que tanto desejam?

Escuto sempre a mesma resposta: "Eu não tenho tempo!". Muitas vezes acompanhada de: "Não tenho dinheiro!"

Alguns ainda dizem: "Quando eu ficar mais velho, quem sabe?", "Quando eu me aposentar", ou ainda, "Quando meus filhos forem independentes", o que revela que só em um futuro, talvez ilusório, eles conseguirão ter mais tempo para si mesmos.

Eles vivem uma espécie de escravidão: o tempo deles é regulado por demandas externas, não internas. Afirmam que não sobra tempo livre para eles, já que precisam responder a intermináveis obrigações sociais, profissionais e familiares. É um tempo para os outros, que pertence a outros. Eles gastam o tempo agradando, cuidando e atendendo às necessidades dos filhos, cônjuges, netos, pais, irmãos, amigos, colegas de trabalho. Sentem-se "sem tempo para mais nada, nem para dormir direito". Estão "cansados, exaustos, esgotados, sugados, vampirizados, massacrados".

Uma psicóloga de 62 anos disse: "A desculpa de falta de tempo é a prova do nosso medo de fazer aquilo que realmente desejamos. Não temos coragem de dizer não, queremos agradar a todo mundo e esquecemos que precisamos agradar, em primeiro lugar, a nós mesmos. Ser livre para priorizar as próprias escolhas e desejos, e usar o tempo para concretizá-los, é arriscado e dá muito trabalho. É mais fácil ser escravo do tempo dos outros do que senhor do próprio tempo".

Você já parou para pensar que o tempo é um capital, uma verdadeira riqueza? Como você gasta (ou desperdiça) seu tempo? Quem é o verdadeiro dono do seu tempo? Se você fosse o dono do seu tempo, o que faria (ou deixaria de fazer) agora?

Mirian Goldenberg - antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de 'Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade'.

Fonte: coluna jornal FSP

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