Descubra
três fatores irrelevantes em previdência privada, mas que a maioria se preocupa
A contratação de um plano de previdência privada demanda a
escolha de uma série de fatores. Alguns são muito relevantes.
Outros têm pouca
ou nenhuma relevância, mas o curioso é que os investidores erroneamente se
preocupam mais com estes.
Já presenciei vários investidores
decidirem errado, recusando a portabilidade para um produto melhor,
pois não queriam perder o “benefício” que tinham.
O problema é que alguns benefícios
não têm nenhum valor. Comento a seguir sobre três fatores que os investidores
costumam se preocupar, mas não possuem relevância.
A idade para início do benefício no
meu plano importa?
O produto previdência privada deve ser considerado
como um veículo de acumulação de recursos.
Os recursos poupados podem ter
diversas finalidades. Usualmente, as duas principais utilizações são para ter
uma renda na aposentadoria ou para sucessão.
A maioria dos investidores não quer
que a data seja longa, ou não quer sair do plano que está, pois tem receio de
perder o “benefício” de uma data selecionada antes.
No entanto, você pode, a qualquer
momento, alterar a data de início do benefício. Portanto, a escolha inicial não
é um fator relevante.
Adicionalmente, você não vai querer
contratar o benefício. Você provavelmente se contorceu na cadeira com esta
afirmação.
Talvez tenha pensado: Como assim? Mas eu tenho poupado tanto tempo
para ter o benefício. Vou explicar isso a seguir, mas antes, vamos falar sobre
outro fator.
Vale a pena portar minha previdência
e perder a tábua atuarial?
Muitos gerentes de banco argumentam
que você perderia a tábua atuarial (tábua biométrica) se mudasse de plano.
A tábua atuarial basicamente define a
expectativa de vida quando da contratação do benefício. A princípio este é um
importante fator.
No entanto, ele perde ou ganha relevância dependendo da
taxa de juros que se ganha no período de aproveitamento do benefício.
Faça o seguinte exercício quando
falarem para você sobre tábua atuarial. Pergunte qual a taxa de juros que você
ganha durante o período de benefício.
Apenas alguns planos contratados
antes da virada do século possuem alguma remuneração de juros prometida.
Desconheço plano de previdência
privada que pague qualquer taxa de juros no período de benefício.
Assim, racionalmente, ninguém deveria
retirar do plano de previdência que rende juros para contratar um benefício que
não rende juros.
Ressalto, você nunca deveria querer
contratar o benefício de renda de seu plano de previdência privada.
Logo, a tábua atuarial pouco importa,
pois você deve sempre querer manter os recursos em seu plano de
previdência. Afinal, qualquer remuneração é melhor que nenhuma.
Para viver da renda do plano de
previdência acumulado, basta resgatar periodicamente o que se deseja, mantendo
o restante aplicado no plano e obtendo remuneração.
Compensa portar minha previdência
mesmo que ela tenha benefício vitalício na aposentadoria?
O texto na figura abaixo foi retirado
do regulamento de uma das maiores entidades de previdência do país. Destaquei
duas partes para você considerar se contratar o benefício vitalício faz
sentido.
Trecho do regulamento de planos de
previdência VGBL e PGBL distribuídos por uma das maiores seguradoras do país.
Esse texto demonstra o ponto que
mencionei na questão anterior. O benefício nos planos de previdência possui
taxa de juros zero. Logo, como mencionei anteriormente, não vale a pena
contratar o benefício.
Outra desvantagem da renda vitalícia
também foi grifada na figura. Usualmente, o benefício cessa se o beneficiário
falecer.
Isso quer dizer que se você falecer
um ano após iniciar o período de recebimento, toda a reserva que você guardou
por 10, 20 ou 30 anos será revertida para a seguradora.
Já imaginou você se privando por 30
anos para criar uma reserva e toda ela sendo revertida para a seguradora. Sua
família não aproveitaria nada.
Novamente, você não vai querer
contratar o benefício e vai preferir manter os recursos no produto de
previdência privada, pois se você vier a falecer, toda a reserva vai para seus
herdeiros.
Escolha adequadamente seu plano de
previdência, levando em consideração o que realmente importa.
Michael Viriato - assessor de investimentos e sócio fundador
da Casa
do Investidor