O que as empresas deveriam aprender com a
experiência do consumidor
Mudança
no tratamento ao cliente logo se tornará inevitável.
Conhecer a experiência do consumidor –suas
respostas psicológicas e comportamentais em todas as fases da compra– deveria
ser um estupendo diferencial de mercado para qualquer fornecedor.
Mas poucos
sabem o que fazer exatamente com esses dados, tanto que ainda falham em
situações corriqueiras, como ao não cumprir prazos de entrega anteriormente
combinados ou não dispor de especialistas para suporte tecnológico ao cliente.
O que mais irrita os consumidores é um pacote
composto por desinformação, atendimento lento e ineficaz, e pouco apoio no
processo de compra.
Abordei recentemente, neste espaço, a redução
dos pesos e tamanhos em embalagens com preços iguais ou maiores, a reduflação.
Ora, poucas coisas são piores no consumo do que não levar para casa o produto
imaginado.
No caso da barra de chocolate, que minguou de 200g para até 80g,
talvez o ideal fosse ter a opção mais próxima do padrão anterior, mesmo que
mais cara, e uma menor mais acessível ao bolso empobrecido dos brasileiros.
E
deixar a escolha para quem paga a conta.
Gostaríamos de jogo mais aberto, direto, sobre
qualidade x preço. Por exemplo, saber antes da compra que há um costume (paletó
e calça) que custa o dobro de outro, porque tem tecido, corte e acabamento
melhores, com maior durabilidade.
A pandemia ainda não terminou, mas já temos uma
vivência da Covid, que transformou nosso comportamento e hábitos de consumo.
Nesse contexto, multiplicam-se os que abandonam itens já selecionados nos
carrinhos online, porque faltam informações adequadas.
Ou que desistem de uma
compra pela falta de conhecimento tecnológico.
A mudança no tratamento ao cliente logo se tornará
inevitável, pois estamos todos mais exigentes.
Afinal, temos condições de
comparar produtos em lojas virtuais, e de nos informar sobre qualidade, preços
etc.
Além disso, a maioria de nós participa de grupos no WhatsApp, ou têm amigos e
familiares que podem compartilhar conosco suas experiências como compradores.
Os integrantes desses grupos também trocam entre si produtos caros usados por
curtos períodos, como carrinhos de bebê e brinquedos para os pequenos.
Especialistas, antes só acessíveis para uma
restrita parcela da população –com renda mais alta–, agora têm conteúdos
digitais à disposição, muitos deles gratuitos.
É claro que há influencers que ganham para emitir
opiniões. Mas podemos recorrer a várias fontes, e concluir se vale mesmo a pena
gastar nosso rico dinheirinho, tão difícil de ganhar.
As lojas vão mudar, ou
mudaremos de loja.
MARIA INÊS DOLCI - Advogada especializada na
área da defesa do consumidor.