Quanto custa a internet do Starlink?
Serviço
de internet por satélites de Musk tem gerado controvérsias.
Na semana passada, o Brasil recebeu a visita
de Elon Musk.
O bilionário anunciou no Twitter que vai
lançar o serviço Starlink na Amazônia, cobrindo "19 mil
escolas não conectadas na região".
Se for verdade, é uma boa notícia.
A
tecnologia de satélites de baixa órbita de fato é uma das mais promissoras e
baratas para conectar regiões geográficas vastas e com pouca densidade
populacional, como é o caso da Amazônia.
No entanto, olhando no site da empresa, hoje não há
serviço disponível na região.
O portal diz que estará disponível na região
amazônica no fim de 2023.
Hoje, o serviço pode ser utilizado em uma faixa do
país que vai de Santa Catarina até São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, afinal,
como funciona e quanto custa a conexão da Starlink?
O funcionamento é relativamente simples. Pelo site
da empresa, o usuário pode encomendar uma antena parabólica e um terminal de
acesso.
O custo para entrega em São Paulo hoje é de R$ 5.138, incluindo os
impostos. A partir da aquisição, o usuário tem de pagar R$ 530 por mês pela
conexão.
A antena precisa ficar instalada em um local que tenha visão livre
para o céu. A velocidade da conexão fica em torno de 100 Mbps, com latência
também relativamente baixa.
A Starlink pretende lançar 42 mil satélites
para oferecer o serviço globalmente. Atualmente, há 2.400 satélites lançados.
Cada um pesa cerca de 290 quilos.
A empresa não está sozinha na prestação desse
tipo de serviço. Outros competidores incluem a empresa OneWeb, a Astranis e a
própria Amazon, que tem planos de lançar sua própria
constelação.
O modelo de serviço também tem gerado controvérsias.
Uma delas é a
preocupação de que essas constelações em órbita baixa (cerca de 550 km) possam
interferir no sinal de satélites de órbitas mais altas, sobretudo os
geoestacionários.
O BrasilSat A1, por exemplo, está em órbita a cerca de 35 mil
quilômetros.
Outra preocupação foi levantada pela Nasa, a de que o brilho
desses satélites em baixa altitude pode arruinar as possibilidades de
observação espacial a partir da Terra, uma vez que interferem em equipamentos
astronômicos.
O impacto geopolítico é outra questão essencial. Esses conjuntos
massivos de satélites ocupam dois recursos escassos: as órbitas e as
frequências de rádio.
Órbitas são geridas pelo Escritório da ONU de Assuntos
Espaciais. Já as radiofrequências são geridas pela União Internacional de
Telecomunicações, também da ONU, em conjunto com os países.
O potencial de conflitos nessas áreas é
extraordinário. Recentemente, a China afirmou que teve de manobrar a estação
espacial TianHe para evitar colisão com um dos satélites da Starlink, gerando
uma reclamação formal na ONU.
Além disso, essas constelações são capazes de
monitorar a superfície da Terra em tempo real, analisando dados militares,
políticos e econômicos (por exemplo, prevendo se a safra agrícola de um país
será promissora ou não).
Nesse sentido, países como a Índia estão estudando
criar leis para regular esse tipo de coleta de dados, chamados "não pessoais",
estabelecendo regras de soberania local para essa forma de análise global.
Ainda vamos viajar muito nos desafios que essa nova
corrida espacial vai trazer.
RONALDO
LEMOS - Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e
Sociedade do Rio de Janeiro.