Use sempre o cartão de crédito com consciência -
De acordo com a ANEFAC
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade), os juros do cartão de crédito em maio de 2014 foram, em média, de 10,52% ao mês e
232,12% ao ano, maior média registrada desde agosto de 2012. O brasileiro, que
parece cada vez mais tomar gosto pelo “dinheiro de plástico”, ainda tem certa
dificuldade para lidar com o funcionamento crédito em geral. Muita gente ainda
considera o limite do cartão, do cheque especial e o empréstimo consignado
complementos de renda, atitude que transforma as finanças pessoais em uma
espécie de bomba relógio.
O cartão de crédito, quando bem
utilizado, é uma escolha para pagamento. No Brasil, talvez o grande problema
passe pela massificação e facilidade de crédito mesmo para pessoas com
histórico duvidoso e nenhuma noção de planejamento financeiro.
3 coisas sobre cartão de crédito que você precisa saber
Levando em consideração as
altas taxas de juros no Brasil e a necessidade de educação financeira, decidi
escrever um pouco mais sobre o cartão de crédito. Acompanhe.
1. Cartão de crédito é apenas um meio de pagamento
Pouco tempo atrás, era muito
difícil encontrar pessoas que utilizavam o cartão de crédito com frequência.
Hoje já é fácil encontrar quem possua mais de uma tarjeta eletrônica, inclusive
fazendo malabarismos com as contas e financiando sonhos de consumo que deveriam
ser construindo aos poucos e no tempo certo.
Posso ser chamado de radical
por muita gente, mas só quem acompanha o dia a dia de pessoas que embarcaram
nessa viagem de juros estratosféricos sem planejamento sabe como é difícil
retomar as rédeas da vida financeira.
O cartão de crédito deve ser
considerado uma ferramenta de pagamento, um meio, e só. Trata-se de uma forma
de postergar o pagamento, é verdade, mas com planejamento. A regra de ouro das
compras com cartão precisa ser obedecida: sempre devemos pagar a fatura
integralmente.
Para conseguir ter dinheiro
para pagar a fatura, devemos ter e conhecer nossas possibilidades financeiras:
os limites devem ser considerados e obedecidos a partir do orçamento pessoal,
que deve estar sempre atualizado e bem classificado – experimente usar o DinheiramaOnline para isso (clique aqui).
2. Cartão de crédito depende de organização e bom senso
Quando bem usado, o cartão traz
uma série de vantagens, conforme mostra o artigo “Cartão de Crédito: Verdades, Vantagens e Armadilhas” (clique para ler),
escrito pelo meu amigo Conrado Navarro. No
texto, ele aborda alguns temas muito importantes sobre os porquês do uso consciente
do cartão de crédito como algo realmente positivo.
Segundo ele, indivíduos
organizados frequentemente centralizam seus gastos no cartão de crédito, e
fazem isso por razões simples:
·
Porque simplificam seus pagamentos e mantém datas estabelecidas
para pagamento de suas despesas, pagando a(s) fatura(s) sempre em dia;
·
Porque lançam estas transações em seu caderno (ou planilha) de
controle financeiro e mantém à vista o saldo disponível para o restante do mês;
·
Porque aproveitam os programas de recompensa (pontos, milhagem
ou descontos) e acumulam benefícios depois usados nas férias, em viagens ou
mesmo em novas oportunidades de consumo.
Recentemente, recebi um e-mail
de um amigo bastante animado, dizendo que havia descoberto uma grande “sacada”
para a utilização do cartão crédito. Ele me contou que passou a usá-lo para
pagamentos de contas (luz, água, gás e etc.) e ainda ganhar pontos nos
programas de relacionamento com cartão.
Como se tratava de um amigo
muito próximo, fiquei muito à vontade para contar de forma bem franca que se
tratava de uma péssima decisão. Graças às taxas e impostos que são embutidos
nessas operações, o estrago financeiro pode ser grande, isso sem contar na
utilização do limite, que pode comprometer as finanças em algum momento de
crise.
Detalho melhor minha opinião no
texto “Cartãode crédito para pagamento de contas: um péssimo negócio” (clique paraler).
3. Cartão de crédito requer controle rígido do orçamento
O pior quando discuto o uso do
crédito é acompanhar muita gente culpando apenas o cartão, a operadora e o
banco pelos problemas com o cartão de crédito. Essas mesmas pessoas “se
esquecem” de que os verdadeiros culpados são elas mesmas, a má utilização da
ferramenta e, mais importante, a ausência de um orçamento doméstico detalhado.
Já preparamos no Dinheirama algumas dicas para ajudá-lo na
utilização do cartão, sempre de forma organizada, transparente e realmente
útil:
1. Categorize
os gastos do cartão de crédito e mantenha-os no orçamento doméstico;
2. Estabeleça
um limite de gasto e respeite-o;
3. Evite
ter mais de dois cartões de crédito;
4. Prefira
cartões cuja vantagens sejam realmente palpáveis; e
5. Parcele
as compras em no máximo três vezes e inclua as parcelas futuras nas previsões
de despesas dos meses seguintes.
Você pode conhecer mais dicas
no artigo “Cincodicas para aproveitar mais e melhor o cartão de crédito” (clique para ler).
Conclusão:
Usar o crédito com responsabilidade sempre
será uma escolha pessoal. Quem não sabe lidar com o crédito precisa assumir
esse problema e enfrenta-lo, não responsabilizando ou culpando os outros por
não fazer a “lição de casa”. Quem utiliza o cartão de crédito de maneira consciente,
conhecendo suas características e perigos, aproveita a possibilidade de
centralizar o pagamento em uma data como um grande benefício. Quando o
brasileiro estiver maduro o suficiente para lidar com o crédito com mais
responsabilidade, quem sabe as coisas não melhorem ainda mais e possamos
inclusive ter acesso a juros mais civilizados. Não custa sonhar. Enquanto isso,
atenção para o cartão de crédito.
Ricardo Pereira - educador
financeiro, palestrante, sócio do Dinheirama é autor do livro
"Dinheirama" (Blogbooks), trabalhou no Banco de Investimentos Credit
Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama. No Twitter: @RicardoPereira