Pode parecer clichê, mas é muito
positivo para a carreira unir o ambiente profissional com a riqueza do mundo acadêmico.
O intercâmbio entre as áreas é produtivo e nos da uma perspectiva inovadora
para lidar com as atividades e até mesmo solucionar os problemas nasorganizações.
Optar por uma especialização
acadêmica que abrange um determinado campo de estudo ou que apresente uma
necessidade do mercado atual e futuro, pode nos favorecer como profissionais
mais competitivos em nossa área de atuação.
A transição da área
acadêmica para o mundo corporativo não se caracteriza como um obstáculo, mas
sim como uma excelente oportunidade para aplicar todo o conhecimento do
universo acadêmico no campo prático organizacional.
As empresas estão cada vez mais
buscando profissionais altamente qualificados, e que tenham características que
possam ajudar a desenvolver novos métodos e aplicar ferramentas estratégicas
nas organizações, almejando assim a inovação.
Muitos profissionais não investem
em uma especialização acadêmica por desacreditar em oportunidades de crescimento
e sucesso profissional.
Uma especialização acadêmica pode
ser uma forma de aprimorar experiências e dar maior credibilidade à
profissionais que buscam excelência constantemente.
Motivado por minha vivência de
mestrado acadêmico em gestão estratégica do design, compartilho nesse
artigo 10 experiências que ajudaram em meus objetivos profissionais.
Espero que essas experiências lhe inspire na busca por conhecimento e
qualificação:
1. Desenvolvimento
do pensamento crítico
Estar em contato com o meio
acadêmico me favoreceu a desenvolver um pensamento crítico em relação aos meus
objetivos e também em toda minha carreira profissional.
O conhecimento acadêmico nos dá uma
percepção mais “macro” das coisas, que ultrapassa as informações com as quais
lidamos em nosso trabalho cotidiano. Muitas vezes, somos pressionados a
"produzir" muito sem termos tempo de adquirir conhecimento em troca.
Atualmente, o mercado de trabalho
está saturado com antigos métodos de gestão e desenvolvimento,
que por muitas vezes são ineficientes e desgastantes. Nesse contexto, a
academia frequentemente traz novidades, sejam elas conceituais ou tecnológicas.
2. Acesso a
ferramentas e recursos profissionais
Uma instituição acadêmica de grande
porte costuma receber diversos auxílios governamentais e privados para a
realização de pesquisas e projetos. Assim, muitas das inovações nas mais
diversas áreas são desenvolvidas por meio da academia. Isso permite aos
pesquisadores ter acesso a diversos conhecimentos, ferramentas e tecnologias de
última geração, o que de outra forma poderia ser muito difícil ou até mesmo
impossível.
No meu caso, desenvolvi uma
pesquisa que teve como objetivo avaliar a percepção dos usuários, visando a
compreensão e identificação das características técnicas e estéticas mais
relevantes nos produtos cerâmicos de revestimento por meio do equipamento de
rastreamento ocular (eye tracking).
O EyeTracking é uma ferramenta de análise do movimento ocular,
utilizado para estudar o comportamento visual humano. O equipamento permite
compreender o caminho que os usuários executam com o seu olhar, o que mais lhes
atrai nesse percurso e quanto tempo levam a tomar uma decisão.
Esta ferramenta pode ser utilizada
para registrar os dados quantitativos do diâmetro da pupila, coordenadas de
fixação, distância de fixação, ângulos dos movimentos dos olhos, entre outros.
Dificilmente teria a oportunidade
de desenvolver essa pesquisa sem utilizar esse equipamento. Esse estudo teve um
ótimo resultado e proporcionou uma maior compreensão sobre a percepção dos
usuários a respeito do tema, auxiliando em minha carreira profissional como
designer de superfície e designer cerâmico.
3. O lado bom da
dúvida
A maioria dos
professores/pesquisadores parecem ser extremamente confiantes, mas no fundo
eles sentem medos e dúvidas como todos nós. Eles apenas administram de forma
diferente.
Um de meus maiores receios era se
conseguiria absorver todo o conhecimento transmitido nas disciplinas de
mestrado. Duvidei de mim várias vezes. Me questionava se teria capacidade de
alcançar meus objetivos.
Nessas situações de
"angustias" aprendi que as dúvidas não são tão ruins assim, e não
saber se você esta no caminho certo faz parte do processo e deixa o percurso
mais interessante.
Tive inúmeras dúvidas em minha
pesquisa de mestrado (dissertação), por exemplo. Mas isso me motivou a testar,
a experimentar, a refinar mais e mais.
Duvidar sobre si é aterrorizante,
mas duvidar sobre sua ideia pode ser muito interessante.
4. Julgar menos,
fazer mais
Observando tantas outras pessoas,
comento que desenvolvi o hábito de julgar menos. Por exemplo: aquele tema que
pode ser extremamente interessante e relevante pra mim dentro da minha
pesquisa, provavelmente foi e será irrelevante para outros estudantes.
As vezes um estudo pode conter
leituras e interpretações diferentes, e isso não desclassifica nem desmerece o trabalho
de ninguém.
Percebi durante esse período que eu
não era muito diferentes dos outros. Percebi que possuía algumas aptidões em
certas áreas e dificuldades em outras. Aprendi que cada pessoa tem seu tempo
para aprender e cada um tem seus momentos particulares de inspiração.
Quando nos damos conta que nossa
realidade é diferente dos demais, aprendemos a julgar menos e simplesmente faz
o que tem que ser feito.
5. O esforço vence
o talento
O esforço vence o talento, quando o
talento não se esforça. Frase clichê, mas nunca fez tanto sentido para mim
quanto nesse período de mestrado.
Vi muita gente talentosa
desistindo, que decidiram nem tentar. Gente que não abriu mão do seu orgulho,
de aceitar não saber, para assim aprender.
Mas também vi muitas pessoas se
superando. Alunos que eram desacreditados por professores e até mesmo colegas,
chegarem a conquistar seus objetivos com louvor.
Percebi que para aprender muitas
vezes temos que deixar nosso orgulho de lado e aceitar que não compreendemos
certas coisas. Isso é uma das partes mais difíceis do processo.
6. Você aprende
mais ensinando
“Feliz aquele que transfere o que
sabe, e aprende o que ensina.” Cora Coralina
Quando se juntávamos em grupo para
desenvolver pesquisas e seminários, trocávamos muitas ideias e cada vez mais se
aprendia.
Vi muitos professores transferindo
o que sabem a seus alunos, e até mesmo a forma de como eles buscam o
aprendizado já foi um grande ensinamento para nós. Não impondo seus métodos e
suas crenças, mas compartilhando. Haviam professores que não faziam questão de
serem admirados, nem idolatrados. Somente faziam questão de serem úteis.
Mas também existiam alguns
professores e alunos que insistiam em guardar conhecimentos ou informações por
insegurança.
Conforme o pensador britânico Beda, existem três caminhos para o fracasso:
não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que
se ignora.
Na prática corporativa, pode-se
dizer que essas questões estão na diferença de um chefe que impõe seus
conceitos de modo autoritário e um líder que se satisfaz ao ver suas ideias
florescerem e desenvolverem ao serem assimiladas por seus colaboradores.
Quem transfere o que sabe não esta
preocupado em “dar lições”, mas sim compartilhar.
7. Contatos
profissionais (network)
O ambiente acadêmico nos permite
ter contato com muitas pessoas que desenvolvem atividades semelhantes ou
complementares à nossa área de atuação. Temos a oportunidade de conhecer vários
profissionais que vêm de vários lugares, com conhecimentos e experiências de
outros setores.
O ambiente acadêmico também nos
proporciona conhecer não só os melhores professores que são especialistas do
campo que escolhemos estudar como também de outros setores, construindo uma
rede de contatos que poderá nos favorecer futuramente, tanto para indicações
profissionais quanto como referência para consultar e trocar experiências.
Assim podemos trabalhar para unir pesquisas
(no caso do meio acadêmico) ou até conseguir parceiros para nossas atividades
profissionais. Isso pode gerar muitas parcerias e cases de
sucesso.
8. Trabalhar em
equipe
Pesquisadores dificilmente
desenvolvem suas pesquisas totalmente sozinhos: contam pelo menos com a
orientação de um professor/pesquisador. Isso quando seu trabalho não influencia
pesquisas de outros professores e alunos, o que contribui a uma interação entre
pesquisadores para resolução de problemas.
Inserido nesse contexto, o meio
acadêmico também auxilia no desenvolvimento de habilidades para atuar em
equipes altamente colaborativas.
9. Nova percepção
a respeito da ciência
Muitas vezes nós, profissionais que
estamos no mercado de trabalho pouco ou nada sabemos sobre o que está sendo
desenvolvido em nossa área de atuação, nas universidades e nos centros de
pesquisa, o que cria uma lacuna entre a teoria e a prática.
No ambiente acadêmico, podemos ter
contato com novas formas de ver e desenvolver nossa profissão, se tornando um
profissional mais maduro e consciente dos problemas e das possíveis soluções
para nosso campo de atuação.
Isso nos possibilita entrar em
contato com um novo universo de informações que pode ser muito benéfico. E como
conhecimento nunca é demais, a chance de se tornar um pesquisador ou
profissional melhor deve ser aproveitada ao máximo!
Percebemos também que fazer ciência
não é nenhum bicho de sete cabeças!
10. Ser um eterno estudante
Os benefícios de fazer um mestrado
acadêmico é que a jornada de estudos se desenvolvem muitas outras habilidades,
como pesquisa, pensamento crítico, criatividade, análise de dados,
trabalho em equipe, etc.
Ao final, tais benefícios nos
proporcionam uma maior capacidade para atuar na resolução de problemas e projetos complexos, habilidade cada dia mais requisitada, tanto no setor
acadêmico quanto no setor empresarial.
Atualmente, as mudanças são
tão rápidas que ficar parado é praticamente o mesmo que “andar para trás”. Nós
precisamos ter constantemente uma virtude de se reinventar e repensar, ou seja,
precisamos ser eternos estudantes.
Enfim, um mestrado acadêmico nos
permite consolidar o conhecimento adquirido até então e também abrir nossa
mente para novas ideias e projetos, nos reinventando sempre.
Espero que esse artigo tenha lhe
inspirado de a buscar cada vez mais conhecimento e qualificação.
Maico CarlosVieira - mestre em Gestão Estratégica do Design, atualmente é designer de
superfície, atuando na captação tendências para produção e desenvolvimento de
novos produtos cerâmicos de revestimentos para diversos países pela Esmalglass-Itaca Group