Perto da virada do ano, o FGC
(Fundo Garantidor de Créditos) divulgou uma mudança importante: a garantia,
limitada a R$ 250 mil por investidor, agora tem um teto de R$ 1 milhão a cada quatro anos.
Essa nova política exige que os
investidores fiquem mais atentos na hora de escolher para quem vão emprestar
dinheiro nas aplicações de renda fixa.
Essa mudança acontece quando muitos
procuram meios de aumentar a rentabilidade de seus investimentos depois da
recente e forte redução dos juros.
Para ganhar mais, sem sair do
mercado da renda fixa, o investidor precisa correr mais risco.
Que risco é esse? O risco de
crédito, calote, risco de não receber o dinheiro de volta. Quanto maior a
percepção de risco, maior será a rentabilidade da operação.
Quem não está a fim de colocar seu
rico dinheirinho em risco se limita às aplicações protegidas pelo FGC, como
poupança, CDB, LCI e LCA, entre outras.
A regra antiga permanece: o limite
da garantia é R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por conglomerado financeiro, por
conta; a novidade é o teto de R$ 1 milhão válido a cada quatro anos.
A medida, aprovada pelo CMN (Conselho
Monetário Nacional) em 21/12/2017, é aplicável somente aos depósitos feitos
após essa data.
A contagem do prazo de quatro anos
se inicia na data da liquidação ou intervenção na primeira instituição
financeira em que o investidor detenha valor garantido pelo FGC.
Após quatro anos, o teto é
restabelecido.
Fiquei curiosa e fui pesquisar os
dados históricos, disponíveis no site do FGC, em que podemos saber quando e quais instituições saíram do mercado e quantos
investidores, credores dessas instituições, foram beneficiadas pela proteção do
FGC.
Em 20 anos, entre 1996 e 2016,
foram indenizados 4.167.619 investidores de 34 instituições financeiras que
saíram do mercado.
Desse montante, 3.913.229 pessoas
eram clientes do antigo Bamerindus, que sofreu intervenção em 1997. Os outros
254.390 investidores, representando apenas 6% do total, estavam distribuídos
nas demais 33 instituições de pequeno e médio porte que fecharam suas portas.
Nos primeiros anos da existência do
FGC esse teto teria prejudicado muitos investidores, mas no ambiente mais
recente, de maior estabilidade econômica e com regras de maior governança e
controle das instituições financeiras, tende a impactar pouca gente.
Das falências ou liquidações, 73,5%
(25 instituições) ocorreram entre 1996 e 2004. Entre 2005 e 2010, nenhuma
ocorrência.
De 2011 a 2016, nove instituições
passaram pelo processo de falência ou liquidação extrajudicial.
É bem verdade que no cenário de
taxa de juros elevada a tendência foi a de concentrar os investimentos nas
instituições de grande porte.
A taxa de juros da economia era
alta o suficiente para atrair e manter os investidores nos grandes bancos.
Também é verdade que a estrutura do
mercado era outra e contava com menor e menos agressiva participação de
intermediários financeiros.
A oferta de produtos também era
mais restrita; novos instrumentos e modalidades de aplicação foram criados, o
que dificultou o entendimento e a escolha dos investidores.
Para você, investidor, que está se
aventurando por mares nunca antes navegados, ficam as dicas:
1) avalie o rating de crédito do
emissor do título antes de investir. Quanto melhor o rating, menor a
probabilidade do risco de crédito;
2) diversifique lembrando que o
limite do FGC inclui o valor dos juros e se refere ao valor de resgate, e não
ao valor inicial da aplicação;
3) o limite de R$ 250 mil é por
conta. Nas contas conjuntas, o valor da garantia será dividido pelo número de
titulares. Se dois titulares, R$ 125 mil para cada um; se três, R$ 83.333 para
cada um;
4) quando a transação for feita por
uma instituição intermediária (corretora ou distribuidora), exija uma nota de
negociação identificando todas as características do investimento, incluindo o
nome do emissor do ativo e o comprovante de registro de custódia desse ativo na
Cetip ou na BM&FBovespa, em seu nome, para comprovar sua condição de credor
e acessar a garantia do FGC se o pior cenário acontecer.
Para saber mais sobre o FGC,
consulte o link https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/perguntas-e-respostas.
Marcia
Dessen -
planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro
'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'