O ano de 2016 encerra
seu 1º trimestre sem perspectivas de ampliação da atividade econômica e com um
estoque de inflação, dos últimos doze meses, da ordem de 10%. Esses dois
fatores são determinantes para o orçamento das organizações, no que se inclui
os fundos de pensão.
De um
lado, a recessão da economia limita o aumento das receitas. O custeio
administrativo das entidades de previdência complementar é produto de uma taxa
aplicada sobre os recursos garantidores (taxa de administração) dos planos e/ou
sobre as contribuições feitas pelos participantes, assistidos e patrocinadores
(taxa de carregamento). Assim, a não ser que a taxa aumente ou que se busque
ampliação da base de cálculo (através de campanhas de adesão ou de elevação de
contribuições voluntárias ou por meio do aumento salarial, por exemplo), a
receita deve ser aproximadamente a mesma para a maior parte dos fundos de
pensão.
Doutro
lado, a inflação eleva as despesas de forma generalizada. Alguns custos não
acompanham diretamente a inflação, variando em torno dos principais índices,
mas em alguma medida, a expectativa é de que haja um aumento de gastos mesmo
que os itens de despesa permaneçam exatamente o mesmo.
Neste desafiador cenário, para não comprometer o equilíbrio
estrutural do orçamento os gestores de fundos de pensão precisarão buscar maior eficiência, utilizando-se de um nível menor
de recursos para fazer aquilo que já se fazia antes. A seguir compartilhamos
algumas ideias, não exaustivas, para tanto.
1.
Tenha um plano
Já
falamos aqui, em outros artigos, da importância do planejamento estratégico
para a gestão dos fundos de pensão. Esta é uma ferramenta muito útil, também,
para a gestão de custos.
Em um
planejamento estratégico deve-se:
·
Quantificar receitas e despesas administrativas estimadas,
visualizando-se qual a resultante e, a partir desta, qual o nível de equilíbrio
desejado;
·
A partir do nível de equilíbrio desejado, identificar ações que
permitam elevar receitas e/ou reduzir despesas para o patamar intencionado;
·
A partir das ações, deve-se alocar responsáveis, afixar prazos
para acompanhamento e conclusão e monitorar os indicadores respectivos.
É
fundamental que o planejamento estratégico considere as diversas dimensões
temporais em que os fundos de pensão estão inseridos, levando em consideração
aspectos de curto prazo (um ano, por exemplo), de médio e de longo prazo (que
varia para cada fundo de pensão, mas que podem chegar a décadas, por exemplo).
Nesse
sentido, se seu fundo de pensão ainda não possui um plano ou o mesmo
encontra-se desatualizado, sempre é tempo para desenvolvê-lo e pôr em prática
as ações necessárias.
2.
Invista em tecnologia
Pode
parecer um contrassenso falar em investimento num ano de crise, mas não é.
A
tecnologia é a principal aliada das organizações contemporâneas na busca por
maior eficiência e menores custos. Com ela é possível:
·
Permitir que participantes realizem o auto-atendimento da maior
parte de suas necessidades, desde inscrição no plano, gestão de contribuições,
simulações, opção por institutos e assim por diante, reduzindo drasticamente os
custos com atendimento presencial e telefônico;
·
Gerir adequadamente o cadastro de participantes, reduzindo o
nível de erros e problemas em processos corriqueiros, como cálculo e pagamento
de benefícios, controle de arrecadação, atualização de cadastro de pensionistas
e assim por diante;
·
Melhorar a comunicação com prestadores de serviços,
especialmente através do fornecimento de informações o mais corretas possível,
o que diminuiu reprocessamentos e, por consequência, os custos de gestão da
entidade.
Investir
em tecnologia exige enxergar a curva de amortização de custos ao longo do
período, isto é, o custo inicial de equipamentos, software, treinamento e afins
pode parecer alto, mas as economias advindas deverão ser significativas a longo
prazo. Como este é o caráter temporal perseguido pelos fundos de pensão, faz
sentido pelo menos instar estudos de viabilidade.
3.
Monitore desperdícios e
gargalos constantemente
Há uma
máxima que diz que gastos são que nem unhas: devemos sempre cortá-los. Isto é a
mais pura expressão da verdade.
De
fato, devemos estar o tempo todo atentos às despesas de todos os níveis e em
todos os setores, o que implica diretamente na eficiência da organização.
Algumas formas de fazê-lo:
·
Crie uma cultura de aversão a desperdícios. Desenvolva campanhas
e incentive colaboradores a evitar o mau uso de recursos a todo tempo, seja
apagando luzes, programando despesas com antecedência para obter melhores
negociações ou redesenhando processos para atingir um grau maior de eficiência.
Toda economia deve ser valorizada;
·
Torne o monitoramento de receitas e despesas uma missão
periódica da entidade. Apoie-se em indicadores simples e que possam ser
rapidamente calculados para que, ao menos uma vez por mês, os gestores tenham
uma visão atualizada do desempenho da organização e possam agir tempestivamente
nas áreas que mais necessitarem;
·
Tenha metas de orçamento específicas por setor e empodere as
pessoas responsáveis por geri-las, dando-as a autonomia necessária para que
façam seus trabalhos.
Nesta
ocasião demos maior ênfase de como uma Entidade pode melhorar sua gestão e usar
menos recursos para suprir suas necessidades. Mas não podemos esquecer que do
outro lado da equação está a geração de receitas e que estas também devem ser
monitoradas – até mesmo para buscar oportunidades para aumenta-las se for
possível.
A crise
pode ser uma oportunidade de mudanças. Tenho convicção que a escassez nos leva
à simplificação e à eficiência, sendo uma base importantíssima para a renovação
e para a construção de um futuro mais sustentável.
Pense
nisso! Qualquer economia que resulte em mais eficiência e melhor gestão
será benéfico ao participante quando do usufruto do benefício.
Guilherme Brum Gazzoni -
Administrador, Pós-Graduado em Finanças e com Especialização em
Entrepreneurship pela Babson College – Boston / Massachussets. É Diretor
Administrativo e Comercial da GAMA Consultores Associados.
Fonte: newsletter GAMA
Consultores Associados