Brasil não precisa de heróis e vilões no enredo eleitoral, precisa de visão


Não há oportunidade melhor e maior de renovação do que o voto consciente

Sempre fui otimista com o Brasil. Deus pensou grande quando criou este país. Nosso povo sincrético tem um jeito de ser específico, com suas mazelas, mas também com grandes fortalezas.

Toda a potência do Brasil ainda não criou o Brasil potência. Tenho fé em que podemos chegar lá.

Temos vários lampejos do que podemos e queremos ser: uma economia diversificada, uma das maiores do mundo; um povo criativo, trabalhador e empreendedor; uma democracia ferida, mas muito viva; uma imprensa livre e alerta; instituições resistentes e um espaço enorme para o desenvolvimento.

Agora, no meio de nossa maior crise em décadas, realizaremos no ano que vem uma eleição para repactuar, democraticamente, o país.

Vou repetir, à la Carlos Drummond de Andrade: no meio do caminho tem uma eleição, tem uma eleição no meio do caminho. Na vida de nossas retinas tão fatigadas, elas são a única solução possível (e constitucional) para o "córner" político em que nos encontramos.

Não devemos temer eleições. Devemos participar das eleições para que nossas vozes sejam ouvidas. Não há oportunidade melhor e maior de renovação do que o voto consciente.

Já está no ar e nas redes uma disputa eleitoral violenta, agressiva, bipolar, do nós contra eles e do eles contra nós. Mas ainda é cedo, e muito pode ser mudado nesse caminho para que o caminho do meio seja o meio para o caminho.

Há uma série de iniciativas novas na política que não querem acabar com a política, mas buscam renová-la para fortalecê-la.

E, se as redes estão sendo usadas para atacar e destruir, elas podem perfeitamente serem usadas para construir.

O Brasil não precisa de heróis e vilões no enredo eleitoral de 2018. Ele precisa de visões, de um conjunto de ideias que apaixonem este carente país. Para que a pauta seja essa, é preciso antes de mais nada travar o bom debate e discutir os argumentos, não as acusações.

O Brasil está exausto, à beira de um ataque de nervos. Ao mesmo tempo, a economia se recupera. Já se prevê um crescimento de 3% do PIB no ano que vem. Mas no meio do caminho tem uma eleição, que muitos respeitados analistas políticos e econômicos consideram um potencial risco à retomada econômica.

Com todo respeito, acho que temos de inverter esse jogo e olhar as eleições como a forma mais democrática e eficiente de pacificar o país, de trazer, pelo voto democrático, a normalidade, a estabilidade e a previsibilidade essenciais ao desenvolvimento socioeconômico.

No ano que vem eu completo 60 anos de idade. Confesso que imaginei o Brasil num outro patamar quando, mais jovem, pensava no futuro. Minha geração, na esfera coletiva, fracassou em criar o Brasil que sonhávamos.

Enfrentamos crises econômicas profundas e recorrentes, choques externos e internos, uma longa ditadura, populismo econômico, corrupção sistêmica. Mas, por outro lado, criamos empresas fortes, uma democracia resistente, uma das maiores economias do mundo.

Muito já foi feito, mas resta muito a fazer. Vamos (re)começar promovendo no ano que vem as eleições do entendimento, do respeito, da repactuação nacional e democrática.

2018 é a hora do diálogo, não da batalha campal. Vamos debater em alto nível, com respeito e em respeito aos brasileiros. E que o eleito seja a partir de sua posse o presidente de todos nós e para todos nós.

O Brasil é um só, unido pela democracia. Só ela pode determinar o caminho que estamos todos buscando.

Nizan Guanaes – publicitário, dono do maior grupo publicitário do país, o ABC.

Fonte: coluna jornal FSP

 

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