Você está prestes a receber seu 13º salário. Que
maravilha, uma entrada de caixa extra, inteirinha sua, para fazer o que você
bem entender. Mas é preciso ficar atento porque despesas previsíveis, embora
não desejadas, surgem para estragar seus planos de desfrutar desse dinheiro
sozinho. Para tirar o melhor proveito do seu 13º salário, faça um bom
planejamento de como pretende utilizá-lo antes de colocar as mãos nele.
NÃO TENHO DÍVIDAS
Se você faz parte do grupo que não tem dívidas,
parabéns. E, para permanecer assim, lembre-se das muitas despesas
extraordinárias, típicas de dezembro e janeiro, que estão por vir. Dezembro é
um mês complicado para as finanças. São muitas comemorações com a família,
amigos e colegas de trabalho. Presentes para todo lado. Para não gastar demais,
seja criativo. É possível comemorar e presentear gastando pouco.
Janeiro é praticamente um mês de 13º às avessas. O
salário do mês será o de sempre, mas as despesas crescem assustadoramente. A
fatura do cartão de crédito chega implacável, exigindo o pagamento de todos os
abusos de dezembro. Matrícula escolar, IPVA, IPTU também chegam, agravando a
situação. E você prometeu a si mesmo e à família toda pelo menos uma semana de
férias, afinal, ninguém é de ferro.
Limite os gastos ao valor dos recursos disponíveis
e planeje com antecedência. Assim, fará uma travessia tranquila por esse
período turbulento. E as férias serão desfrutadas como devem, sem preocupações.
NÃO TENHO 13º
Se você trabalha por conta própria, sem carteira
assinada, não terá o privilégio de receber um salário extra sem trabalhar. Esse
é um dos benefícios dos quais abre mão quando opta pela informalidade. E,
admita, você sente muita falta dele.
Por outro lado, essa mesma informalidade, livre de
tributos e encargos, tende a gerar mais renda ao longo do ano. A dica é
acumular seu próprio 13º, poupando 10% do salário por dez meses, de fevereiro a
novembro.
Deixe o dinheiro em uma aplicação financeira
separada e se presenteie com essa surpresa. Chegou a hora de você, patrão,
recompensar você, seu melhor empregado.
ANTECIPAR O 13º
Os bancos adoram quando você antecipa o 13º
salário. Para eles, um crédito fácil de conceder, com baixo risco, já que o
pagamento será descontado diretamente da fonte pagadora. Uma operação muito melhor
para os bancos do que para você.
A antecipação pode ser um bom negócio se usada para
quitar uma dívida mais cara. Saiba que você vai propor um ótimo negócio para o
seu credor. Não pense que ter dívida é um problema só seu, é do credor também!
Se houver cooperação e boa vontade de ambas as partes, todos poderão tirar o
melhor proveito dessa oportunidade.
Embora a taxa de juros seja menor do que a cobrada
no rotativo do cartão de crédito e no cheque especial, ainda é alta e levará
embora uma boa fatia do seu dinheiro. Se você não está endividado, evite
antecipar. Deixe o 13º intacto e faça planos muito melhores para ele.
ESTOU ENDIVIDADO
Aí a situação muda de figura. Faltou planejamento
durante o ano, limites não foram definidos ou respeitados e você gastou mais do
que podia. Está financiando a fatura do cartão, já abriu mão de parte do
salário reduzido em razão de crédito consignado e tem outros compromissos
atrasados que engrossarão o montante da dívida se não forem pagos.
Junte a papelada toda e descubra quanto você está
devendo, para quem e qual a taxa de juros de cada dívida. Levou um susto? Está
devendo muito mais do que você imaginava, não é? Aproveite que os números estão
todos na sua frente e pense no que faria diferente se tivesse outra chance.
Você pode fazer diferente e melhor em 2017.
O 13º ajuda muito, mas não faz milagre. Faça valer
cada centavo dele que será entregue para pagar dívidas. Antes de quitar ou
amortizar parte da dívida, negocie muito com o credor para tentar conseguir uma
boa redução no saldo devedor. Afinal, ele terá um problema a menos se conseguir
tirar você da lista de inadimplentes.
Seu 13º pode ser seu melhor presente de Natal.
Gerencie suas finanças durante o ano e faça acontecer.
Marcia Dessen - Planejadora financeira
pessoal, diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros e autora de 'Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro'
Fonte: coluna jornal FSP