Torneio de bridge em Denver, EUA; competições de bridge,
xadrez e pôquer
atraem aposentados (Matt Nager
para The New York Times).
Mark A. Wieder começou a jogar xadrez com oito anos de idade e
disputou várias competições quando estava no ensino médio e na universidade. De
acordo com a Federação Norte-Americana de Xadrez, ele, que hoje é dono de uma
consultoria em Nova Jersey, está entre seus destaques da terceira idade, grupo
que responde por 5% dos membros da federação. Há dois anos, Wieder passa quatro
dias por semana no Clube de Xadrez e Centro Educacional de St. Louis, Missouri,
onde participa e assiste a competições. “É o mesmo que levar o cérebro para a
academia”, brinca. Wieder disputa torneios em Ridgewood (Nova Jersey) e no
Clube de Xadrez Marshall, no Greenwich Village (Nova York), mas diz que, assim
que seus filhos tiverem autonomia suficiente, vai participar de competições
internacionais.
Conforme as pessoas envelhecem, manter a agilidade mental se
torna uma preocupação. Uma pesquisa da Brain Health Research, de 2014, concluiu
que, entre os entrevistados, manter a agilidade mental (37%) só perde para a
garantia de um coração saudável (51%) em termos de manutenção de um estilo de
vida saudável. Embora vários idosos se interessem por desafios mentais e games,
outros, como Wieder, preferem competições de jogos tradicionais como bridge,
pôquer e xadrez.
“Quem participa de atividades cognitivas, como jogos de cartas,
apresenta um volume cerebral maior, em determinadas regiões, do que aqueles que
não praticam a atividade ou pouco o fazem”, afirma Ozioma C. Okonkwo, professor-assistente
de Medicina na Universidade de Wisconsin-Madison que pesquisou sobre o tema em
2014.
Muitos idosos jogam por diversão em casa ou em centros
comunitários, mas muitas associações dedicadas a competições garantem que
cresceu o interesse de membros da terceira idade que veem nas disputas uma
forma de manterem a mente ágil. A Liga Americana de Bridge, situada em Horn
Lake, no Mississippi, calcula que 95% de seus mais de 167 mil membros têm mais
de 55 anos. Cerca de 12 mil pessoas se inscrevem anualmente na liga. A
Federação de Xadrez dos EUA, em Crossville, no Tennessee, revela que, nos
últimos cinco anos, seu número de associados cresceu de 75 mil para 85 mil,
sendo que os sócios com mais de 55 anos pularam de 14.500 para 16.300. A
participação no World Series of Poker, realizado em Las Vegas, de jogadores com
50 anos ou mais subiu de 2.707 em 2009 para 4.193 em 2015.
Um jogador de bridge extremamente ativo pode praticar suas
habilidades em pelo menos 3.300 clubes locais ou viajar para participar de eventos
municipais (de três dias) e regionais (de sete), todos patrocinados pela Liga
Americana de Bridge. O grupo também é responsável por três torneios de dez dias
de duração, os chamados Campeonatos Norte-Americanos de Bridge, cada um
realizado em uma cidade diferente. No ano passado, cinco mil participantes se
reuniram em Nova Orleans e 6.500 se inscreveram para um evento de verão em
Chicago. E o prêmio, tão disputado, não era dinheiro, mas, sim, pontos.
Peg Kaplan, corretora de imóveis de 64 anos de Minnetonka,
Minnesota, se inscreveu em todos os três torneios deste ano. Ela é dona do
título Grand Life Master, o nível mais alto do ranking, uma vez que conseguiu
obter 10 mil pontos. “Você nunca para de aprender. E tem muita gente que eu
jamais teria conhecido se não fosse pelo bridge”, afirma. Denise C. Park,
diretora de pesquisa do Centro de Longevidade Vital da Universidade do Texas em
Dallas, diz que a competição permite aos participantes enfrentarem adversários
e reagirem com estratégia. “O valor de enfrentar um rival numa disputa
equilibrada é inestimável.” Stephen Zolotow, 70, mora em Las Vegas e se
considera um jogador profissional, mas observa: “Nos torneios duplicados de
bridge, os jogos são muito rigorosos. Você tem que jogar no esquema deles.”
Quem quer evitar as regras das competições organizadas sabe que
a versão on-line é uma alternativa atraente. Para quem gosta de xadrez, um dos
maiores sites é o Internet Chess Club, com 30 mil usuários, que oferece salas
de bate-papo, centros de mensagens e instruções pagas com professores. De
quebra, exibe os eventos mais importantes em tempo real. “Para quem é viciado
em xadrez, é o paraíso”, exclama Martin Grund, vice-presidente das operações
on-line do clube, cuja sede fica em Pittsburgh, na Pensilvânia.
O bridgebase.com atrai cem mil usuários por dia –também atraídos
pela flexibilidade, como Peg. “Você pode se logar e jogar a qualquer hora da
noite ou do dia, em qualquer lugar do mundo”, explica ela. Peg calcula que
jogue de 45 minutos a 3 horas por dia, de quatro a cinco noites por semana. Já
Wieder só pretende continuar jogando xadrez para o resto da vida. “A idade não
tem influência nenhuma no jogo”. Em um torneio recente, ele enfrentou um garoto
de onze anos. A disputa terminou empatada.
Amy Zipkin – jornalista do New York Times