O mais intrigante nesta experiência
de acompanhar o surgimento e a evolução da personagem é que junto de Wolverine, deixamos de nos
reduzir um dado estatístico para assumir nossos papéis de testemunhas e
personagens da ação do tempo: percebemos o tempo seja no Wolverine, seja em nós mesmos, seja no mundo! Esta é uma
metáfora poderosa do nosso protagonismo aqui e agora! E o que ela nos diz? "Não
temos tempo a perder!".
Veja! A série teve início em 2000 e, num piscar de olhos, se estendeu por 16
anos! O veterano Johnny
Cash participa da trilha sonora de
Logan, o Wolverine de 2016. E seus versos desafiam:
If I could start again (se eu pudesse
começar de novo)
A million miles
away (a milhares de quilômetros daqui)
I would keep myself (eu me pouparia)
I would find a way (eu encontraria um jeito).
Pois é! Mudanças nos mitos: de forever
young para forever alive! Com o plus: I
would keep myself (eu me pouparia = eu seria previdente). Fascinante!!
Será que o radicalismo do mundo está ganhando consciência? Será que o tempo
está mostrando uma face não só envelhecida mas madura da humanidade?
Legado: mais do que aventura, troca
intergeracional!
O futuro é uma obra aberta! Talvez a
mais aberta de todas as obras. Por isso, acho que cabe pensar também se o
legado que se transmitirá às novas gerações - além da proposta de aventura -
integra um conhecimento sobre sustentabilidade da vida em todas as suas
manifestações, especialmente as manifestações de caráter coletivo!
No livro Trópicos Utópicos, Eduardo Giannetti,
deixa alertas belíssimos como legado
de responsabilidade para a sociedade: "O desejo de saltar para
aquém do cárcere do pensar se pode compreender - e até cultivar em certa
medida, mas o lado de fora não há. A consciência é irreparável; dela, como do
tempo, ninguém torna atrás ou se desfaz. Desmorder a maçã não existe como
opção". [p.36]
Portanto, se estamos presos à
consciência e ao tempo, temos que buscar um caminho, um caminho que poupe,
proteja a todos das próprias escolhas! Talvez, as luzes tenham que ser
garimpadas naqueles que, como Eduardo
Giannetti, se
renderam à consciência, à responsabilidade e à realidade. É dele a
sentença: "A igualdade de resultados oprime, a igualdade de
oportunidades emancipa". [p.100]. Deveria ser argumento para
vários filmes!
Mas ilumina muito as ações daqueles comprometidos com o futuro. O futuro é
uma obra aberta e muita gente bacana dedica muita energia para que ele seja uma
versão melhor do presente. Para que o futuro seja uma experiência verdadeira de
mais qualidade de vida, mais significado, mais herança do que recebemos das
gerações que nos antecederam. Para que nós mesmos, nossos filhos e netos
possamos trilhar caminhos mais promissores em territórios civilizados e menos
hostis.
Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação, especialista em
Gestão de Processos Comunicacionais e consultora de comunicação, tem
participado em projetos com a Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br