O Brasil passa por uma série de problemas que estão afetando
muito nossas vidas. Eles nos atacam de todos os lados. São de ordem econômica,
política, social e até judicial. Esses problemas estão longe de serem
resolvidos e causam uma grande crise em nosso país.
O gatilho para toda a crise foi o crescimento déficit do
governo. Mas o que é isso e por que ele é assim tão importante? Vejamos:
Déficit é uma situação que pode acontecer na vida das pessoas,
empresas e governo. Ele surge quando gastamos mais do que ganhamos. Vamos supor
que você deseja comprar algo mas não tem dinheiro. O que fazer? Você toma
dinheiro emprestado, usa o cheque especial, compra no cartão de crédito.
Ou seja, você financia a compra e vai pagar no futuro.
Assim o déficit surge quando gastamos mais do que ganhamos.
Ficamos devendo e vamos pagando aos poucos.
Tomar dinheiro emprestado é muito perigoso porque você gasta
hoje um dinheiro que só ganhará no futuro. Como dizemos, você compromete sua
renda futura. Uma parte do seu salário estará comprometido para pagar seu
empréstimo.
O Governo Brasileiro vem gastando, já por muitos anos, mais do
que ganha. Ou seja o Governo vem fazendo dívida ao longo dos anos para manter
seus gastos altos.
Se você toma dinheiro emprestado uma hora tem que pagar, correto?
O mesmo acontece com o Governo. Para que o Governo mostre que tem condições de
pagar o que deve ele tem que ter sobra no seu caixa, ou seja, gerar superávit
(que é o contrario do déficit).
Se você não consegue gerenciar suas finanças e ganhar mais para
pagar suas dividas você se torna uma pessoa desacreditada. O mesmo acontece com
o Governo.
O Governo Brasileiro não está conseguindo mostrar que tem como
cortar suas despesas e pagar suas dividas. Essa situação gera medo nos
investidores e causa nervosismo no mercado. Exatamente o que estamos vivendo
hoje.
Como chegamos a esse ponto? Fácil explicar. Ao longo dos anos
nosso governo vem gastando mais do que ganha (gastos maiores do que a
arrecadação). Para fechar a conta no final do mês o Governo tem que tomar mais
dinheiro emprestado. Virou uma bola de neve!
Para piorar a nossa situação esses gastos não geram receita!
Veja, se você toma dinheiro emprestado para comprar uma casa, você deixa de
pagar aluguel, o que diminui suas despesas. Se compra um carro financiado para
ajudar no seu trabalho, aumenta sua renda. Esses gastos são bons porque eles
geram renda futura.
Agora quando você toma dinheiro emprestado para comprar uma
roupa nova ou fazer uma viagem a lazer realiza gasto não aumentam sua renda
futura. Esse é um gasto ruim porque ele não gera riqueza para você.
Com um país é a mesma coisa. Quando o Governo toma dinheiro
emprestado para dar dinheiro à população sem receber nada em troca, através das
diversas “bolsas” existentes, para pagar salários a um exercito de funcionários
públicos, para emprestar a empresas com juros baixos (empréstimos do BNDS),
emprestar para outros países, que não têm como pagar, como a Argentina,
está gastando mal o dinheiro. Esses gastos são ruins porque eles não geram
renda no futuro. Tomar dinheiro emprestado para construir um porto (que melhora
a receita do país) é uma coisa. Dar dinheiro para as pessoas (como o bolsa
família) é outra completamente diferente.
Não sou, a principio, contra o bolsa família, sou contra a
situação que vivemos hoje. Só governos ricos e sem dívida podem distribuir
dinheiro (que sobra) para a população.
Imagine a situação de uma pessoa que apesar de já estar
estourada na conta do cheque especial, convida vários amigos para jantar em um
restaurante caro e paga a conta! Sem duvida ele será muito popular.
Quem paga a divida depois? No caso de um país quem paga é seu
povo.
Portanto, estamos hoje numa situação difícil. Como sair dela? O
Governo tem que parar de gastar e ganhar mais (aumentar impostos).
Isso significa alguns anos de aperto. Assim essa crise veio e
não vai passar rapidamente. Apertem os cintos o piloto e o aeroporto sumiram!
Lauro Araujo – administrador de empresas, trabalhou em
consultorias nacionais e internacionais e em gestoras de recursos; é diretor da
LAS consultoria financeira e atuarial.