Muitos pais se afetam tanto com os caprichos dos
filhos. O capricho atual é jogar "Pokemon Go". Então vamos enfrentar
a fera, já que inúmeros pais querem saber se deixam o filho ter o jogo, qual a
idade para começar, se pode prejudicar, se pode beneficiar, qual o tempo que se
deve permitir que a criança se dedique ao jogo, como fazer para ela aceitar o
limite de tempo etc.
Um pai pegou um táxi só para que o filho
conseguisse caçar uma determinada criatura do jogo, outro deixou a filha de 11
anos ir até um lugar que considera perigoso porque ela estava acompanhada de
outras colegas e "precisava" muito ganhar um ovo virtual. O pai ficou
preocupado, mas permitiu. Assim fica difícil!
Meus caros pais, um jogo é um jogo, apenas isso. As
características desse em particular revelam que ele não é destinado às
crianças. Quantas delas saem para o espaço público desacompanhadas de um adulto
na "vida real"? Como nossas crianças são jovens desde os primeiros
anos de vida, porém, foram capturadas pela sensação do momento. Mas os pais
devem ter suas referências, e não abdicar delas só porque a atividade virou
febre social.
O
primeiro passo é conhecer o jogo: como funciona, quais as metas, o que o filho
deve fazer para alcançá-las. Se, para a família, ele não é inconveniente, não
transgride os princípios priorizados, não apresenta imagens ou atos que ela não
aceite, ela pode permitir que o filho brinque. Não é preciso aprender a jogar
ou apreciar, mas é necessário conhecer os princípios básicos do aplicativo
antes de permiti-lo.
O
segundo passo é avaliar o tempo que o filho tem em seu cotidiano para ajudá-lo
a administrar isso entre todas as atividades e ainda ter tempo para ficar sem
fazer nada. Como há crianças mais rápidas e outras que dedicam mais tempo a
cada atividade, não é possível determinar um tempo padrão. Aqueles que fazem
tudo mais rapidamente não podem dedicar tanto tempo ao jogo; os que fazem tudo
mais tranquilamente, porém, podem brincar mais, por exemplo.
Uma
coisa é certa: a criança e o jovem têm muito o que fazer e pensar, por isso não
podem se limitar a uma atividade específica. Caros pais, observem o tamanho e a
complexidade do mundo que eles precisam conhecer!
Quando
uma criança ou jovem gosta muito de algo, seja por iniciativa pessoal ou por
adesão do grupo, é fácil para ele ficar horas e horas só naquilo, prejudicando
todo o resto. Os pais não devem permitir. Para tanto, devem fazer valer sua
autoridade, dizendo "agora chega". Isso vale para tudo, porque os
mais novos ainda não têm ou estão desenvolvendo seu índice de saciedade. E o
"agora chega" dos pais ajuda muito a estabelecer esse limite.
Os
filhos vão reclamar, choramingar, brigar, implorar, insistir, tentar negociar,
seduzir, propor trocas, chantagear. São as estratégias que têm para alcançar o
que querem. E são, portanto, legítimas.
Os
pais precisam bancar tudo isso e firmar sua decisão, mesmo que seja para
aguentar cara feia. Aliás, os filhos sabem muito bem que isso costuma
funcionar. Mas cara feia passa, lembram disso?
Por
fim, é importante ensinar, nas entrelinhas, que não é bom se tornar escravo de
um capricho, de um gosto, de uma diversão. É muito melhor prepará-los para que
sejam autônomos e livres, não é?
Rosely Sayão - psicóloga
e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela
família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia a dia dessa
relação.
Fonte:
coluna jornal FSP