Este espaço apresenta semanalmente reflexões
sobre a Governança e todos os aspectos relacionados, dentre os quais podemos
elencar as questões de comportamento ético, compliance e integridade.
Notícia publicada recentemente (http://amtocorru.pt/2Lr)
pela Transparência Internacional apresenta o 2022 Corruption Perception
Index, ou seja, o índice de percepção de corrupção.
Nesta apuração, o Brasil foi classificado em 94°
lugar entre os 180 países pesquisados. O primeiro lugar (menor percepção
de corrupção) pertence à Dinamarca, que marcou 90 dos 100 pontos
possíveis. O Brasil teve 38 pontos, mesmo número que a Argentina,
Etiópia, Marrocos e Tanzânia, abaixo da média da América Latina e Caribe (43
pontos), dos países do G20 (53 pontos) e dos países da OCDE (66 pontos).
Comparando com nossos vizinhos mais próximos,
encontramos à nossa frente Uruguai (74), Chile (67), Guiana e Suriname (40) e
Colômbia (39). Atrás de nós: Peru e Equador (36), Bolívia (31), Paraguai
(28), Venezuela (14).
Os últimos lugares desse grupo de 180 países
pertencem ao Sudão do Sul, Síria (ambos com 13 pontos) e Somália (12 pontos).
Estes são os fatos, ainda que se possa
contestá-los.
Proponho, no entanto, uma reflexão sobre os
resultados apurados. Afinal de contas, somos todos éticos e sempre nos
posicionamos fortemente contra qualquer aspecto que sugira, mesmo que de
forma sutil, qualquer ato de corrupção.
Se acreditarmos que nossas ações (sem trocadilho)
estão direcionadas, em sua grande maioria, para o que é ético, correto e
íntegro, por que o resultado obtido é esse que coloca nosso país em uma
posição tão desconfortável?
Muitos dirão: é por causa dos outros. Sempre que
esse assunto é discutido, chega-se à conclusão que, por mais que nos esforcemos
para fazer prevalecer a conduta ética, o comportamento antiético e corrupto
dos outros prevalece.
É isso mesmo?
Podemos afirmar que nossas atitudes contribuem
para somar pontos no índice de percepção da não corrupção?
E não estou falando dos “pequenos desvios”. Estou
me referindo ao conjunto de nossas atitudes, de nosso comportamento geral no
dia a dia. Podemos afirmar que estamos contribuindo para que o Brasil se
aproxime da Dinamarca ou temos que reconhecer que nossas atitudes nos colocam
mais perto da Somália.
Esqueçam políticos, ministros, juízes, poderes
constituídos, o “sistema” ou qualquer coisa do tipo. Olhemos para cada um de
nós. Dinamarca ou Somália?
Será que nós estamos mais para a Dinamarca, mas
os outros nos empurram para a Somália?
Acho que precisamos refletir profundamente e, se
for o caso, mudar de atitude.
Se é que queremos realmente parecer com a
Dinamarca.
LUIZ FELIX FREITAS - Sócio da KOLME DESENVOLV. EMPRESARIAL Prof, e Consultor Prev.
Complementar, Conselheiro Fiscal do IDG, Membro da Comissão Governança
Compliance e Integridade do CRA RJ.
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