Qual o número ideal de ações para se ter no
portfólio?
Ter
mais ações que o ideal pode trazer mais custos que benefícios.
Nos últimos anos o número de investidores em
bolsa de valores disparou. No ano de 2020, depois do mês de abril, quase qualquer
ação que se comprasse gerou resultado positivo.
Assim, alguns investidores
saíram comprando de tudo. Passada a euforia, chega a conta e batem as dúvidas.
Muitos não conseguem acompanhar carteiras que chegam a ter mais de 40 empresas.
Daí, vem a questão: qual o número ideal de ações para se ter no portfólio?
Comprar muitas ações pode ser visto como um
benefício pela diversificação.
Um dos maiores riscos no investimento acionário é o
de acordar e ler que houve uma mudança regulatória, um acidente ambiental ou
outro fato que afeta somente a empresa que investiu e tem forte impacto nos
resultados.
Este é o chamado risco específico, também conhecido
por não sistemático ou risco diversificável. Como o próprio nome diz, você pode
mitigar este risco pela diversificação.
Se você tem muitas ações na carteira, este risco
pode ser bastante reduzido.
No entanto, existe um balanço entre reduzir este
risco e os custos inerentes a se ter muitos ativos.
Com a redução do custo de corretagem, o maior custo
por se ter muitos ativos em carteira é o custo de controle, acompanhamento e
pesquisa das ações no portfólio.
Este custo acaba sendo superior ao de corretagem.
Afinal, quanto vale seu tempo?
O investidor que deseja montar seu portfólio de
ações deveria se comprometer com pelo menos 1 hora por semana para cada empresa
de sua carteira.
Assim, um portfólio com mais de 40 ações, se torna inviável ou
com falha de monitoramento.
Para solucionar a dúvida do número de ações ideal,
os pesquisadores Fernando Oliveira e Eduardo de Paula publicaram o trabalho
intitulado "Determinando o Grau Ótimo de Diversificação para Investidores
Usuários de Home Brokers".
Neste artigo, Oliveira e de Paula argumentam que
"o ótimo de números de ações na carteira é aquele que iguala o benefício
com o custo de se colocar mais uma ação na carteira".
Eles chegaram à conclusão que o número ideal para
um investidor pessoa física manter no portfólio é de 12 ações.
Vários autores nacionais e internacionais chegaram
a resultados similares e concordam com este número, por exemplo os trabalhos de
Ricardo Brito de 1989 e de Cereta e Costa de 2000.
Comenta aqui quantas ações você tem em sua carteira
e quanto tempo despende pesquisando sobre as empresas por semana.
Com esta informação, avalie quantos ativos possuem
em sua carteira. Se você tiver mais de 12 ações, sempre que decidir incluir
mais uma ação, avalie qual seria a pior na carteira para ceder lugar ao novo
ativo que deseja adicionar.
Michael Viriato - assessor
de investimentos e sócio fundador da Casa do
Investidor